A secretária de Estado do Tesouro demitiu-se a pedido do ministro das Finanças devido ao escândalo da indemnização da TAP. A saída de Alexandra Reis do Governo, conhecida ontem à meia-noite, não encerrou a polémica. Ainda falta saber se devolve o meio milhão de euros pago pelos contribuintes e se a administração da TAP mentiu em todo este processo.
A 2 de dezembro tomou posse como secretária de Estado do Tesouro e menos de um mês depois demite-se, a pedido do ministro que a tutela, Fernando Medina.
A decisão foi tomada horas depois da TAP ter enviado ao Governo as explicações que faltavam sobre o caso. Quando as recebeu, o Governo encaminhou-as para a CMVM, que regula e supervisiona os mercados financeiros, e para a Inspeção-Geral de Finanças para que todos os factos fossem apurados.
É nessas explicações que a TAP assume que foi feito um acordo para o pagamento de 500 mil euros brutos para que Alexandra Reis deixasse a administração da empresa e as funções executivas.
Ainda que a antiga secretária de Estado pedisse o triplo, quase 1 milhão e meio, basicamente, tudo a que tinha direito até ao fim do contrato, que só acabava daqui a 2 anos.
É também com estes esclarecimentos que se percebe que a TAP mudou um dos argumentos. A 4 de fevereiro, quando comunicou a saída à CMVM, dizia que tinha sido Alexandra Reis a pedir a renúncia ao cargo. Agora escreve que o acordo para a saída foi “iniciativa da TAP”, mas ficam dúvidas no caso que foi tornado público no fim de semana.
A CMVM diz que vai avaliar a qualidade e a coerência da informação que foi enviada pela TAP desde fevereiro, para que possam ser retiradas conclusões.
Sabe-se agora também que a saída de Alexandra Reis custou ainda mais à TAP, devido a impostos. A companhia aérea pode ter gasto mais de 700 mil euros para que uma das administradoras saísse.