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"O anúncio inevitável", de um líder "institucional e institucionalista" do PSD

Ângela Silva, do Expresso, e José Gomes Ferreira analisam a entrevista de Luís Montenegro.

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Luís Montenegro esteve nos estúdios da SIC para uma entrevista na qual abordou assuntos como a polémica com o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, o estado do Governo e o mecanismo de escrutínio de governantes. José Gomes Ferreira classifica a sua postura como "institucional" e Ângela Silva, jornalista do Expresso, considera que Montenegro fez um anúncio que se esperava.

Logo nos primeiros minutos da entrevista, o líder do PSD revela que o vice-presidente da bancada, Joaquim Pinto Moreira, vai renunciar ao cargo. Apesar de se tratar de uma notícia que já se esperava, de acordo com Ângela Silva, ficaram algumas questões por responder.

Desde já, não ficou esclarecido se foi Luís Montenegro que convidou Joaquim Pinto Moreira a renunciar ou se foi o próprio a apresentar a renúncia, aponta José Gomes Ferreira.

Houve um “especial cuidado” para não deixar isso definido. Por si só, isto indica que Montenegro não quer mostrar as fraturas internas, nem eventuais divergências.

Para Ângela Silva, não se entende porque é que se esperou 60 horas para a renúncia do vice-presidente da bancada parlamentar. Estavam a ver se chegava o pedido de levantamento de imunidade parlamentar, mas não chegou, “perceberam que não era preciso esperar mais”.

Durante a entrevista José Gomes Ferreira conseguiu traçar o perfil de Luís Montenegro.

"É um homem que tenta conciliar posições e do ponto de vista político é melhor ser assim do que estar à espera do levantamento de imunidade parlamentar".

A postura de Montenegro foi "institucional e institucionalista", sublinha José Gomes Ferreira. Isto no sentido em que, o líder do PSD preferiu interpretar o sentido dos portugueses, de não quererem eleições, e também interpretou o pensamento do Presidente da República.

“Ele não tem o “killer instinct” (instinto matador)”, no sentido de aproveitar-se das falhas do Governo para atacar.

Outra opinião tem Ângela Silva, que considera que Montenegro falou até bastante sobre os “casos e casinhos do Governo, e do próprio partido”.

Focado no mecanismo de escrutínio de governantes, o líder do PSD diz que é um “inconseguimento”. Porém, admite que continue a vigorar em futuros Governo, entende Ângela Silva, que explica que com isto Montenegro quis dizer que “de mal ao menos, sempre é alguma coisa”.

“Mais uma confirmação que PS e PSD partilham muito a delicadeza deste berbicacho em que estão envolvidos e se relaciona com questões da ética na política”.