O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, admitiu esta quarta-feira que "sobrestimou" o currículo do ex-diretor-geral de Recursos da Defesa, atual arguido na operação "Tempestade Perfeita", e que foi "um erro" nomear Alberto Coelho para uma empresa pública".
"Eu sobrestimei os 19 anos de diretor-geral, sobrestimei aquilo que tinha sido todo o currículo do doutor Alberto Coelho, (...) sobrestimei essa análise, essa parte da análise, e sobrestimei a outra parte que vem presente no relatório da auditoria [da Inspeção-Geral da Defesa Nacional] . Portanto, há aí um erro, que eu reconheço a posteriori", afirmou João Gomes Cravinho.
Ouvido no Parlamento, o ministro insistiu que não autorizou despesas adicionais e que só soube da investigação sobre o ex-diretor de Recursos da Defesa depois de já o ter escolhido.
O ex-ministro da Defesa afirmou que "lamenta muito" ter feito essa nomeação e reiterou que, se tivesse na altura a informação que tem hoje, "nunca a teria feito".
"A avaliação que fiz na altura foi que o capital de conhecimento, o percurso do doutor Alberto Coelho, teriam utilidade. Não tinha elementos que permitissem pensar em má-fé e, portanto, a nomeação para a ETI seguiu o seu percurso. Agora, se foi um erro? Claro que foi um erro", reconheceu.
O ministro, que tutelou a Defesa entre 2018 e 2022, foi ouvido esta quarta-feira no Parlamento, no âmbito de uma audição requerida pelo PSD sobre a reconversão do antigo Hospital Militar de Belém.