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Greve na CP com grande adesão dos maquinistas, revisores, bilheteiras e chefias

A paralisação é de 24 horas, mas ainda poderá ter efeitos no sábado. Na origem da greve, está o empobrecimento contínuo dos trabalhadores especializados.

Greve na CP com grande adesão dos maquinistas, revisores, bilheteiras e chefias
ANTONIO PEDRO SANTOS

A CP realizou 17 ligações ferroviárias das 435 programadas entre as 00:00 e as 10:00 desta sexta-feira e suprimiu 418 devido à greve dos maquinistas, revisores, bilheteiras e chefias diretas, disse à Lusa fonte da empresa.

Das 17 ligações feitas, duas são em regionais, 13 urbanas no Lisboa e duas urbanas no Porto.

O repórter Sérgio Aleluia esteve na Gare do Oriente, em Lisboa, onde deu conta que todos os comboios estavam, naquele momento, suprimidos.

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De acordo com o sindicalista, na origem da greve está o empobrecimento contínuo dos trabalhadores especializados.

"Entre 2010 e 2020 tivemos os salários congelados praticamente todos os anos. No ano passado tivemos um aumento salarial de 0,9% com uma inflação média de 7,8%, sendo que a inflação dos produtos essenciais, aqueles que os trabalhadores com o salário mínimo não podem fugir, se situou perto dos 20% de aumento", explicou.

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“Os funcionários ferroviários não são funcionários públicos”

Luís Bravo disse que a proposta salarial que a empresa apresentou ronda em média 3,49%, uma proposta muito inferior à inflação, inclusive inferior aquela que foi aplicada aos funcionários públicos.

"Queremos esclarecer a população, que os funcionários ferroviários não são funcionários públicos, são trabalhadores especializados, de laboração continua, trabalham 40 horas semanais e estamos perante uma situação que por via do congelamento e aumento do salário mínimo nacional, temos trabalhadores especializados que nos próximos dois anos vão ter como salário base o salário mínimo nacional. Isto é dramático", sublinhou.

O sindicalista indicou também que os trabalhadores estão preocupados com as questões relacionadas com a segurança de circulação de comboios.

"Nós convivemos todos os dias com os utentes nos comboios e sentimos a falta de policiamento, especialmente nas áreas urbanas de Lisboa e Porto. Neste momento, a partir das 21:00 é raro ver-se um agente nos comboios e estações. Há um sentimento de insegurança por parte dos utentes e também não para de aumentar o número de agressões a trabalhadores", disse.

Segundo Luís Bravo, os trabalhadores querem ver esta situação resolvida com urgência, tendo o sindicato já pedido uma reunião ao Ministro da Administração Interna há meses e que ainda não obtiveram resposta.

O terceiro de 14 dias de paralisações

Além dos revisores, das bilheteiras e chefias diretas, também os trabalhadores com as categorias de Maquinista ou Maquinista Técnico cumprem entre as 00:00 desta sexta-feira e as 24:00 do dia 16 de fevereiro de 2023, uma greve à prestação de trabalho a todos os períodos normais de trabalho diários que tenham a duração prevista superior a 07:30.

Por causa das greves e segundo fonte da CP - Comboios de Portugal, nenhuma das 69 ligações ferroviárias previstas para entre as 00:00 e as 06:00 desta sexta-feira se realizou.

Este é o terceiro dia seguido em que as greves no setor ferroviário têm afetado a circulação de comboios.

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