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Entrevista SIC Notícias

Repreensão de Gouveia e Melo aos militares foi "humilhante" e "excessiva"

Em entrevista na SIC Notícias, Hugo Costeira, presidente do Observatório de Segurança Interna, não considera com a exposição do caso e defende que a repreensão devia ter acontecido em privado.

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Hugo Costeira, presidente do Observatório de Segurança Interna, considera que a repreensão do almirante Gouveia e Melo em público aos 13 militares que recusaram embarcar no NRP Mondego foi "excessiva" e "humilhante". O responsável defende que devia ter sido feita em privado.

Em entrevista na SIC Notícias, diz que a experiência dos marinheiros é importante e que, por isso, devemos confiar se dizem que não há condições para a missão.

"Profissionais deste nível? Acho que devem ser ouvidos numa cadeia de comando", afirma.

O presidente do Observatório de Segurança Interna deixa elogios a Gouveia e Melo, no entanto, considera que se excedeu.

"Tem tido um papel brilhante ao longo dos anos. Estamos habituados a um almirante presente, cada vez mais presente. Enquanto portugueses temos que lhe agradecer o percurso na Marinha, o que fez por nós na pandemia. Mas também temos que ser justos", refere, em entrevista na SIC Notícias.

O que é que isso significa? Hugo Costeira considera que o chefe do Estado-Maior da Armada devia ter elogiado em público e repreendido em privado:

"Partindo do princípio de que ainda não foram constituídos arguidos, e fazendo valer o princípio que diz que são inocentes até prova em contrário (...), não tinham que ser repreendidos em público".

O responsável pelo Observatório de Segurança Interna não concorda com a exposição do caso e considera "humilhante" e "desnecessário" o discurso de Gouveia e Melo à comunicação social, na visita que fez à Madeira para visitar o navio e falar diretamente com os militares.

Na quinta-feira, depois de ouvir os militares, o chefe do Estado-Maior da Armada reafirmou que a disciplina e a hierarquia são fundamentais e que não são permitidos atos de indisciplina.

"Entrar no mar não é a mesma coisa que andar em terra. Uma vez que não havia meios aéreos para a missão de acompanhamento, vamos imaginar que saia para fazer o acompanhamento do navio russo. Vamos imaginar que tinha problemas sérios em termos mecânicos e não conseguia voltar a terra. Qual era a embarcação portuguesa em condições para sair do Funchal e prestar apoio?", sugere, acrescentando que, “se calhar, hoje estaríamos envergonhados”.

Grupo de militares já está em Lisboa

Os 13 militares, que recusaram embarcar no navio NRP Mondego por falta de condições, chegaram esta sexta-feira a Lisboa. Chegaram ao aeroporto Humberto Delgado ao som do Hino Nacional e um aplauso dos familiares.

Os marinheiros vão ser ouvidos pela Polícia Judiciária Militar (PJM) na próxima segunda-feira e foram alvo de processo disciplinar.

Caso seja confirmado que os 13 militares foram insubordinados, os marinheiros podem ter de enfrentar um processo crime em tribunal civil, cuja pena pode chegar aos quatro anos de prisão.