Uma acesa discussão entre os deputados do Chega Rita Matias e Pedro Frazão e a vice-presidente da Assembleia da República (AR), Edite Estrela, está a gerar polémica e vai ser discutida em conferência de líderes, anunciou esta quinta-feira o presidente da AR, Augusto Santos Silva.
A troca de palavras começou quando Pedro Frazão discursava no plenário de quarta-feira, dedicado ao tema da agricultura, e fez uma referência ao presidente do Brasil, Lula da Silva.
Edite Estrela, que conduzia os trabalhos, interrompeu o deputado para lhe pedir que se cingisse ao assunto em debate.
Da bancada do Chega ouviram-se vários protestos, destacando-se o de Rita Matias, que apesar de ter o microfone desligado se fez ouvir, dizendo que a atuação da vice-presidente da AR era “uma vergonha” e “parcial”.
Edite Estrela sublinhou que “quem está a presidir [aos trabalhos] representa mais do que a própria pessoa” e afirmou que se Pedro Frazão não a quisesse ouvir, podia “tapar os ouvidos”.
Rita Matias continuou a interpelar a vice-presidente da AR, com expressões como “a senhora é uma vergonha”. Perante a insistência da deputada, a ‘vice’ da AR acabou por lhe dirigir algumas palavras:
“Oh senhora deputada, pode estar caladinha?”, afirmou.
“Você é senil”: polémica incendiou redes sociais
O momento de tensão já fez correr muita tinta nas redes sociais. A deputada do PS Isabel Moreira usou o Twitter para criticar a atitude dos dois deputados do Chega e afirmou que Rita Matias terá mesmo chamado “senil” a Edite Estrela, em “alto e bom som”.
Rita Matias respondeu às acusações e voltou a apontar o dedo a Edite Estrela e ao seu “défice democrático”.
“Chamem-me misógina, o que não tolero é que tentem sempre retirar os direitos parlamentares que nos assistem!”, escreveu a deputada do Chega.
Incidente “especialmente grave” levado à conferência de líderes
O presidente da Assembleia da República anunciou esta quinta-feira que vai levar à conferência de líderes "uma sucessão de comportamentos" em plenário que considera desafiarem o Regimento parlamentar, incluindo o incidente "especialmente grave" entre o Chega e a 'vice' Edite Estrela.
Augusto Santos Silva salientou que se podem trocar “argumentos políticos, mas não insultos pessoais”.
Também o líder parlamentar do PS reagiu à polémica.
"Não é apenas um caso de má prática parlamentar, foi um caso de falta de respeito por todos os deputados, porque a senhora vice-presidente, presidindo à sessão, representa-nos a todos", afirmou Eurico Brilhante Dias.
Já o presidente do Chega, André Ventura, considerou o caso “uma chocante falta de imparcialidade, de uma incapacidade de gerir os trabalhos”.