Fonte ligada ao processo confirmou à agência Lusa a entrada da ação no Tribunal Cível de Lisboa na qual é pedida "a condenação de Carlos Costa a retratar-se das afirmações que fez a propósito do BIC e do Banif".
Em novembro, na apresentação do livro “O Governador", o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa acusou o primeiro-ministro de intromissão política junto do supervisor bancário no caso de Isabel dos Santos.
"Esta semana, no mesmo dia em que anunciava um processo judicial, o senhor primeiro-ministro enviou-me uma mensagem escrita em que reconhece que me contactou para me transmitir a inoportunidade do afastamento da engenheira Isabel dos Santos. Ou seja, é o próprio primeiro-ministro a confirmar a tentativa de intromissão do poder político junto do Banco de Portugal", disse o antecessor de Mário Centeno, numa intervenção na apresentação do livro "O Governador", na Gulbenkian, em Lisboa, a 15 de novembro.
Carlos Costa disse ainda confirmar que António Costa o "contactou por chamada" para o telemóvel no dia 12 de abril de 2016 à tarde, depois de uma reunião que o antigo governador teve com Isabel dos Santos, com o sócio da empresária angolana Fernando Telles e com o diretor do departamento de supervisão Carlos Albuquerque.
Segundo Carlos Costa, o primeiro-ministro terá comunicado nessa chamada telefónica que "não se pode tratar mal a filha do presidente de um país amigo".
"A partir de agora cabe a cada um fazer os seus juízos", afirmou.
O livro "O Governador", publicado pela Dom Quixote, resulta de um conjunto de entrevistas do jornalista do Observador Luís Rosa a Carlos Costa, que liderou o Banco de Portugal entre 2010 e 2020, e tem causado polémica.
O primeiro-ministro, António Costa, anunciou que iria processar o ex-governador do Banco de Portugal por ofensa à sua honra, depois de, no livro, o antecessor de Mário Centeno ter relatado que foi pressionado pelo chefe do Governo para não retirar Isabel dos Santos do banco BIC.
No dia da apresentação do livro, António Costa insistiu que as declarações proferidas pelo ex-governador são falsas e, depois de o mesmo não se ter "retratado, nem pedido publicamente as desculpas que eram devidas", constituiu um advogado.
No dia seguinte, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, viria a defender publicamente António Costa das acusações do ex-governador, considerando que as autoridades portuguesas atuaram em nome do interesse nacional no caso que envolveu Isabel dos Santos.