Rui Rocha admitiu que o almoço desta quarta-feira com Luís Montenegro já estava combinado há algum tempo e revela que a ocasião serviu para “partilhar diagnósticos sobre a situação do país”.
Sobre os pontos de aproximação com o PSD, o líder da Iniciativa Liberal (IL) explicou que ambos os partidos têm “uma visão clara” de que o país vive um momento de “degradação das instituições e dos cenários políticos” e que isso está a deixá-los preocupados, admitiu.
Apesar das visões diferentes, Rui Rocha garantiu que tanto a IL como o PSD pretendem “manter o compromisso da linha de diálogo aberta”. Mas, que depois do almoço, a Iniciativa Liberal mantém-se certa de que não haverá nenhum acordo pré-eleitoral com os sociais-democratas.
Rui Rocha assegurou que o seu partido sabe quais as "soluções" em que estaria disposto a participar e deixou claro que reconhece que um Governo apoiado pela IL “terá obviamente que reduzir os impostos”, de "resolver a questão do acesso à saúde, das listas de espera, das questões da ausência de médicos de família", e referiu também que é necessário olhar para a justiça, para “não aceitar que situações como o Caso Marquês corram o risco de prescrição”.
"Ao contrário de outros, aquilo que a IL tem muito claro é o país que quer. Tem a certeza que não quer este país e que quer um país muito diferente e, portanto, preocupa-nos a transformação do país, a criação de soluções para que o país possa evoluir", defendeu.
Afastar o Chega?
Será que a a direita pode afastar o Chega desta solução? Rui Rocha considera que "a posição da IL a esse propósito é muito clara".
"Para além de questões, tem mais a ver com valorações, éticas, que têm a ver com questões de visão da própria sociedade. Nós somos absolutamente contrários a uma visão estadista, que está ligada às soluções populistas, mas é também pragmática”, disse.
“Nós não podemos aceitar uma solução para o país que tenha a instabilidade própria de entendimentos de partidos com essa natureza", defendeu ainda.
Rui Rocha considerou que a IL “faz parte das soluções que aceleram uma alternativa à situação atual" e que "há soluções que por serem populistas, por gerarem instabilidade, por ferirem ate princípios éticos, dificultam uma alternativa".
Dissolver o Parlamento é o caminho certo?
Para o líder da Iniciativa Liberal, Marcelo Rebelo de Sousa “cometeu um erro de avaliação que foi confiar” no primeiro-ministro” e, por isso, pede a dissolução do Parlamento. Opinião que surge após António Costa ter anunciado aos portugueses, na passada terça-feira, que não aceitou o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas.
“António Costa no seu percurso já mostrou que não é confiável” e “cada dia que passa põe o país pior do que aquilo que ele está”, garantiu.
IL pode ser acusada de imaturidade depois da polémica do Youtuber?
O youtuber Tiago Paiva esteve no Parlamento no dia 26 de abril, a convite da Iniciativa Liberal para mostrar o dia a dia de um deputado. No entanto, aproveitou o momento para sussurrar ao microfone: “Ó Costa, vai para o c******”, enquanto um deputado da Iniciativa Liberal assiste.
Em relação a essa mais recente polémica, Rui Rocha recordou que o partido já pediu desculpa pelo sucedido e assume a responsabilidade do convite feito a Tiago Paiva, considerando isso “uma prova de maturidade”. No entanto, fez questão de mencionar que não tem qualquer responsabilidade no conteúdo do vídeo.
Vão existir mais almoços com Montenegro?
Rui Rocha esclareceu que "não há um próximo encontro marcado" com Luís Montenegro, mas "é natural" que no futuro "possa fazer uma nova sessão desta natureza", já que resultou deste primeiro encontro a disponibilidade de continuarem a falar.