
A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), acompanhada pela GNR e pelo Ministério Público, realizou dezenas de buscas em todo o país, incluindo nos estádios do FC Porto, Benfica e Sporting. Em causa estão suspeitas de fraude fiscal ligadas a dezenas de transferências de jogadores de futebol, que envolvem milhões de euros.
Para além dos estádios do Dragão, da Luz e de Alvalade, as buscas decorreram também na casa de Alexandre Pinto da Costa, agente de futebol e filho do presidente do FC Porto, na Torre das Antas, no Porto, na Gestifute, empresa de Jorge Mendes, e em residências de alguns jogadores.
A SIC apurou que, no Benfica, as transferências sob suspeita são as de Rafa, Chiquinho e Vlachodimos. Em comunicado, publicado ao início da tarde no site das águias, o “Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD confirma que está desde o princípio da manhã a ser objeto de diligências de busca por parte das autoridades judiciais”, com as quais, assegura, manifestou “total disponibilidade para colaborar com as entidades competentes, como sempre tem acontecido até aqui”.
Mas, tendo em conta o facto de o processo estar em segredo de justiça, “a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD não fará mais qualquer comentário”.
No caso dos leões, o único clube que não emitiu qualquer comunicado, a SIC apurou que estão em causa as transferências de Bas Dost, Naldo, André Pinto, Rúben Semedo, Battaglia, Beto Pimparel e Schelotto.
Operação "Penálti"
Inicialmente foi avançado que as buscas estariam relacionadas com a Operação “Fora de Jogo”, que decorre há vários anos e já conta com, pelo menos, 47 arguidos. Mas mais tarde, em comunicado, a Autoridade Tributária esclarecia que a operação que esteve esta quarta-feira no terreno foi designada por “Penálti”.
“As investigações (…) são da responsabilidade e têm a direção do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). (…) Os factos sob investigação e que motivaram a instauração dos processos em causa, tiveram origem em diversos procedimentos de inspeção levados a cabo desde o ano 2019, pela Unidade dos Grandes Contribuintes, no âmbito do acompanhamento tributário ao Setor das Sociedades Anónimas Desportivas, concretamente tendo por base a análise de negócios relacionados com o universo do futebol profissional”, lê-se no comunicado.
Esses negócios, concluiu a AT, “terão visado ocultar ou obstaculizar a identificação dos reais beneficiários finais dos rendimentos subtraindo-os, por estas vias, ao cumprimento das obrigações declarativas e subsequente tributação devida em Portugal”.
Antes, ao início da tarde, já o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) tinha confirmdo que “estão em curso mais de seis dezenas buscas, abrangendo instalações de sociedades, incluindo as sociedades anónimas desportivas do Sporting C.P., S.L. e Benfica e F.C. Porto, escritórios de advogados e de contabilidade, bem como diversas residências”.
Essas diligências, especificou, ocorreram "nas áreas de Lisboa, Porto, Braga, Viana do Castelo, Aveiro e Setúbal”.
Em causa, confirmou também o DCIAP estão “suspeitas de prática de crimes de fraude fiscal qualificada, fraude contra a segurança social e branqueamento de capitais, ligadas com celebração ou renovação de contratos de trabalho desportivo, pagamento de comissões e circuitos financeiros que envolvem os intermediários nesses negócios, bem como utilização de direitos de imagem”.
Os factos em investigação aconteceram entre 2014 e 2022, “com forte dimensão internacional” e com “indícios de vantagens patrimoniais ilegítimas, fiscais e contra a segurança social, no valor global de mais de 58 milhões de euros”.
Nas buscas participaram “cerca de 250 elementos”, dos quais inspetores tributários e aduaneiros, militares da GNR, magistrados do Ministério Público, magistrados judiciais, bem como representantes da Ordem dos Advogados.
[Notícia atualizada às 18:39]