O presidente da Câmara do Porto considerou esta quarta-feira normal a presença da Polícia Judiciária nos serviços municipais, tal como sucedeu na terça-feira no âmbito da Operação Babel, afirmando desconhecer os projetos urbanísticos que estarão a ser investigados.
"Acontecem. Estas coisas são aparentemente normais. A presença da PJ e da Procuradoria [Geral da República] junto dos serviços municipais de diversa natureza é coisa que acontece com frequência, não acontece é com este aparato", afirmou o independente Rui Moreira aos jornalistas, à margem do hastear da bandeira "arco-íris" à frente dos Paços do Concelho.
O autarca confirmou a detenção de dois funcionários da câmara no âmbito da Operação Babel.
"Sabemos que houve dois funcionários [detidos] que não são dirigentes da câmara, um do urbanismo e outro que está nos julgados de paz. Aparentemente terão sido detidos", disse Rui Moreira.
Moreira adiantou ainda que a autarquia está a trabalhar "ativamente" com a PJ, notando desconhecer que projetos urbanísticos são visados na investigação levada a cabo pela PJ no âmbito da Operação Babel.
Em comunicado, no final da manhã de terça-feira, a Câmara Municipal do Porto afirmou que as buscas da PJ nos serviços do urbanismo não visaram o município, mas empresas privadas com processos urbanísticos ali a tramitar.
Além disso, a autarquia confirmou que a PJ estava a analisar dois telemóveis, sem avançar a quem pertencem.Anteriormente, fonte da Câmara do Porto confirmou terem sido apreendidos os telemóveis do vereador do Urbanismo, Pedro Baganha, e de uma chefe de divisão do Urbanismo.
Operação Babel: os detidos
Das buscas resultaram sete pessoas detidas e 12 foram constituídas arguidas.
O vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Patrocínio Miguel Vieira Azevedo, e outras seis pessoas, foram na terça-feira detidas pela Polícia Judiciária (PJ) durante as buscas realizadas nas autarquias de Gaia e do Porto, centradas na área do urbanismo.
Patrocínio Azevedo é líder da Concelhia do PS em Gaia há 10 anos e é o rosto que sobressai na Operação Babel. Além de vice-presidente da autarquia de Gaia, é apontado como o sucessor do atual presidente.
O CEO do grupo imobiliário Fortera, Elad Dror, há 12 anos em Portugal, também foi detido por suspeitas de corrupção. Esta terça-feira, em comunicado, o grupo garantiu estar a colaborar com as autoridades.
Há dois funcionários da autarquia do Porto entre os detidos: um jurista e uma trabalhadora da Direção Regional de Cultura do Norte.
A Câmara do Porto garante que não está diretamente visada na investigação, mas sim "empresas privadas que têm processos urbanísticos a tramitar na Câmara", admitindo, no entanto, que foram apreendidos dois telemóveis, sendo o do vereador do urbanismo um deles. O outro telemóvel pertence a uma chefe da divisão do Urbanismo.