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Greve dos médicos: sindicatos ameaçam com novas paralisações

No segundo dia da greve dos médicos, a FNAM pede lucidez ao Governo nas negociações. Caso contrário, avançam com uma nova greve durante os meses de verão.

Greve dos médicos: sindicatos ameaçam com novas paralisações
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Esta quinta-feira decorre o segundo de dois dias de greve nacional de médicos. O protesto foi convocado pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), numa altura em que sindicatos e Ministério da Saúde continuam sem chegar a acordo sobre a revisão salarial do setor. Os médicos exigem atualização dos salários, um máximo de 35 horas semanais de trabalho e 150 horas extraordinárias por ano.

Segundo a FNAM, no primeiro dia, a adesão à greve esteve entre os 90% e os 100%, provocando o adiamento de consultas e cirurgias programadas por todo o país. O protesto termina à meia-noite desta quinta-feira, mas os sindicatos ameaçam voltar à luta se o Governo não aceder às reivindicações.

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“Ontem [quarta-feira] a greve foi brutal: houve uma adesão enorme dos médicos novos, dos médicos internos, dos cuidados primários de saúde e dos blocos”, afirma João Proença, vice-presidente da FNAM. “Praticamente, nos hospitais só funcionaram os blocos com pessoas que são contratadas para trabalhos externos, que têm contrato precário. A maior parte dos blocos dos hospitais fecharam na zona sul.”

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Os médicos queixam-se da proposta de revisão salarial apresentada pelo Governo. O principal ponto de divergência está no suplemento de 20% para os médicos que aderirem ao regime de dedicação plena, segundo o qual trabalham 40 horas semanais, fazendo 350 horas extraordinária por ano – mais do dobro das que fazem atualmente.

Além disso, os médicos internos e os médicos de saúde pública ficam fora desta modalidade, o que corresponde a uma grande fatia dos profissionais de saúde.

FNAM pede “lucidez” ao Governo nas negociações

A FNAM mostra-se otimista em relação à adesão dos médicos ao segundo dia de greve. João Proença afirma mesmo que António Costa “ajudou” ao aumento da revolta da classe profissional.

“A greve vai ser cada vez maior porque o primeiro-ministro ajudou-nos. Ainda nos provocou e praticamente nos insultou, dizendo que ia aumentar 60% quando toda a gente sabe que isso é mentira.”

Para o dirigente da FNAM, o Governo tem “tudo planeado e discutido” no sentido de destruir o Serviço Nacional de Saúde: “Quando os hospitais estiverem destruídos, manda as pessoas para os privados.”

“Já está tudo planeado e discutido, ele escusa de estar a provocar-nos porque o que nós queremos é aumentos salariais para todos, boas condições de trabalho, condições de vida e de formação”, afirma destacando a importância de melhorar as condições para os novos médicos.

A FNAM vai reunir com o Governo esta sexta-feira, no âmbito das negociações para a revisão salarial da classe médica. Neste encontro, a federação sindical vai apresentar as contrapropostas, esperando que “haja lucidez da parte do Governo”. Caso contrário, os médicos vão voltar à luta na primeira semana de setembro.

Também o Sindicato Independente dos Médicos ameaça com uma nova paralisação antes do mês de julho terminar.