O Presidente da República desvalorizou esta segunda-feira as declarações de António Costa sobre os portugueses não estarem interessados sobre corrupção, afirmando que o primeiro-ministro “foi mal entendido”. Outros assuntos? Marcelo (não) pode comentar.
Marcelo Rebelo de Sousa voltou a estar presente em eventos públicos, após o descanso aconselhado pelos médicos. Bastaram poucos dias para haver vários temas para se debruçar sobre.
O Presidente da República, quando questionado sobre a demissão do secretário de Estado da Defesa, decidiu salientar que, ao mesmo tempo que afirmou não comentar, “há temas que são muitos sensíveis para os portugueses”.
“Eu penso, opinião pessoal, que os portugueses são muito sensíveis a coisas na sociedade portuguesa: inflação, os juros, ao emprego - que está bem - à saúde, à educação, mas são muito sensíveis à transparência e corrupção. Não é possível separar a visão da inflação económica da ideia que os portugueses têm do uso do dinheiro público, dinheiros deles”, respondeu Marcelo aos jornalistas na segunda reunião do "Pacto Mais e Melhores Empregos para os Jovens", no Picadeiro Real de Belém.
Nesse sentido, o Presidente é confrontado com a “desvalorização” do primeiro-ministro a respeito da demissão de Marco Capitão Ferreira.
"Foi mal entendido, ninguém ia desvalorizar uma realidade dessas (…). Não comento as palavras do primeiro-ministro, conhecendo-o nunca diria que a transparência, corrupção não era importante para os portugueses", defendeu o Presidente.
Num raro momento de “camaradagem” nos dias que correm, o Presidente da República defendeu António Costa, que referiu que este não é um assunto que preocupe muito os portugueses.
Com isto, o tema da exoneração acabou por ser uma oportunidade para comentar a importância da transparência nas instituições políticas, nomeadamente quando lidam com dinheiro dos contribuintes.
Ainda a TAP…
Sendo o último dia para apresentar conclusões alternativas ao relatório da comissão de inquérito à TAP, Marcelo Rebelo de Sousa mantém-se abstenção, referindo que só irá tecer comentários quando for “definitivo”.
Mais. O Presidente também se inibiu de comentar as críticas de Pedro Adão e Silva em relação aos trabalhos da comissão de inquérito à TAP.
“Não vou formular juízo, eu nunca comento palavras de membros de Governo e menos ainda sobre o funcionamento do Parlamento”, concluiu.
O ministro da Cultura já negou ter ofendido a Assembleia da República, reafirmando que existem uma “degradação da vida pública e política” e que a comissão de inquérito teve momentos de “reality show”.