
O primeiro-ministro, António Costa, esclarece que nunca desvalorizou a corrupção. Num artigo no Observador, o primeiro-ministro fala em construção de uma mentira com base numa pergunta que não lhe foi colocada.
Num artigo de opinião publicado no jornal Observador, o primeiro-ministro diz que é "mentira" a conclusão que foi retirada das respostas que deu aos jornalistas, quando foi questionado sobre a demissão do secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira.
Em tom de crítica à comunicação social, António Costa transcreve mesmo as perguntas dos jornalistas e as respostas que deu para dizer que "não desvaloriza a corrupção, mas também não desvaloriza a mentira."
Demissão de Marco Capitão Ferreira
O jurista Marco Capitão Ferreira, que se demitiu do cargo de secretário de Estado da Defesa Nacional, esteve envolto em várias polémicas neste setor mesmo antes de assumir funções no executivo socialista de maioria absoluta.
Marco Capitão Ferreira foi responsável por várias empresas da Defesa com participação pública, antes de ser nomeado secretário de Estado: foi presidente da comissão liquidatária da Empordef e logo a seguir presidente do conselho de administração da IdD Portugal Defense. Em ambos os casos foi nomeado pelo ex-ministro da Defesa, João Gomes Cravinho.
A ligação às industrias da Defesa começam em 2008, ano em que Marco Capitão Ferreira integrava o conselho diretivo da Empordef e onde regressava em 2019, nomeado pelo ex-ministro da Defesa, João Gomes Cravinho.
O início do processo de dissolução e liquidação da Empordef é determinada em Conselho de Ministros em Junho de 2014, numa reunião liderada pelo então vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.
Empordef extinguiu Defloc e Defaerloc
Em 2015, Passos Coelho estabelece a liquidação da empresa, que só é concluída em 2019 por João Gomes Cravinho. A Empordef extingue as mediadoras Defloc e Defaerloc e reestrutura várias empresas do grupo para a Indústrias de Defesa, a IDD. Entre elas, algumas empresas onde Capitão Ferreira tinha funções de administração, tais como a OGMA, a Naval Rocha e a Empordef Engenharia Naval.
Depois da dissolução, Capitão Ferreira passa para presidente da Indústrias de Defesa, novamente nomeado por João Gomes Cravinho. É nesta altura que indica ao ministro o nome do ex-diretor geral de Recursos, Alberto Coelho, para presidente do Conselho de Administração da Empordef Tecnologias de Informação, a ETI, uma das empresas do universo da IDD.
Capitão Ferreira era secretário de Estado desde março de 2022
Alberto Coelho ocupa o cargo de presidente do conselho de administração da Empordef Tecnologias de Informação, entre julho de 2021 e agosto de 2022.
Marco Capitão Ferreira sai da presidência da Indústrias de Defesa e é nomeado secretário de Estado em março de 2022.