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Greve dos médicos: processo negocial é "justo, necessário e foi prometido politicamente"

Sem querer "antecipar nenhum desfecho político para Manuel Pizarro", Tiago Correia considera que "se o ano passado vivíamos o ‘verão quente’, este ano estamos com grandes condições de ser um verão tão ou mais quente”.

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Os médicos do Serviço Nacional da Saúde (SNS) iniciaram esta terça-feira uma greve nacional de três dias para forçar o Governo a apresentar uma proposta concreta de revisão da grelha salarial, que o ministro da Saúde prometeu na segunda-feira enviar aos sindicatos. Tiago Correia, professor de saúde internacional, lembra que essa era uma promessa que já existia desde o ano passado e que o processo de negociações entre Manuel Pizarro e os médicos não pode terminar sem haver uma revisão das grelhas salariais.

Ao início da manhã, a adesão à greve dos médicos do setor público rondava os 90% nos hospitais e nos cuidados de saúde primários, segundo o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que convocou a paralisação.

O professor de saúde internacional lembra o que se passou no verão passado, quando a ministra Marta Temido esteve sob pressão e acabou mesmo por se demitir.

Tiago Correia considera que a então ministra da Saúde “percebeu qual era a pressão a que estava sujeita e criou aquilo que chamou as medidas urgentes para para o verão do ano passado e depois as medidas de médio longo prazo e nessas medidas estava precisamente a negociação das grelhas salariais para o caso dos médicos, que sabíamos que tinha que acontecer no verão de 2023. E, portanto, eu penso que se o ano passado vivíamos o ‘verão quente’, este ano estamos com grandes condições de ser um verão tão ou mais quente”.

Com esta comparação, o comentador da SIC garante que não está a “antecipar nenhum desfecho político para Manuel Pizarro, para já".

“Agora é muito garantido que o ministro, a meu ver, não vai conseguir passar por esta negociação sem ter que incluir as grelhas salariais e sem ter que dar uma resposta efetiva", diz Tiago Correia.

O comentador da SIC, lembra também outros protestos agendados para breve no SNS.

“Já há pré-avisos de greve para as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) na próxima semana, enfermeiros e médicos em concreto e, portanto, eu direi que não compreendo como é que se leva um processo negocial, como é que se permite que se extreme um processo negocial, quando sabemos que o que está na base da negociação em relação aos médicos era algo que não só é justo, como é necessário, mas também foi prometido politicamente”.