Faltam ainda três anos para as próximas eleições presidenciais, mas já muito se especula sobre quem serão os candidatos a sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa. Pedro Santana Lopes é um dos políticos que, até agora, não fechou a porta à hipótese de concorrer a Belém. Não é a primeira vez que o nome do atual presidente da Câmara da Figueira da Foz é colocado na corrida: já em 2014, foi apontado por António Costa como “o único que tem a vontade, a persistência, a determinação e os meios para poder ser candidato”.
Na altura, Aníbal Cavaco Silva era ainda Presidente da República e Marcelo Rebelo de Sousa ainda não tinha anunciado a sua candidatura. Por outro lado, Santana Lopes era provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e António Costa presidente da Câmara de Lisboa e comentador no programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias.
“Eu tenho uma tese há muito tempo: no final disto tudo só Santana Lopes será candidato às presidenciais pela direita. Por que é o único que tem a vontade, a persistência, a determinação e os meios para poder ser candidato. Uns terão vontade, mas não têm determinada. Outros têm vontade e determinação, mas não têm meios. Santana tem tudo”, disse António Costa a 27 de fevereiro de 2014, numa intervenção que foi destacada e publicada por Santana Lopes no youtube há nove anos.
Passados quase 10 anos destas declarações, será que Santana Lopes continua a “ter tudo” para ser Presidente da República?
Muita coisa mudou de 2014 para agora. Uma das mudanças foi a saída de Santana Lopes da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa - o que Costa considerava como uma vantagem para a candidatura, pois tratar-se-ia de “um dos instrumentos políticos mais importantes que existe na sociedade portuguesa”.
A saída aconteceu para que Santana pudesse disputar a liderança do PSD. Foi chamado a concorrer contra Rui Rio, antigo presidente da Câmara do Porto, quando Pedro Passos Coelho se demitiu, na sequência dos maus resultados obtidos nas autárquicas de 2017.
O sufrágio dentro do PSD não lhe correu de feição e Santana Lopes acabou por perder. Rui Rio tornava-se presidente do PSD, cargo que ocupou até 2021 - quando o mau resultado das autárquicas voltou a fazer mais uma vítima. O antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não ficou contente com a derrota e acabou por fechar a porta ao PSD.
Saiu do partido, mas manteve-se na vida política. Criou o Aliança, um partido de centro-direita que se apresentou às eleições legislativas de 2019, com Santana Lopes a cabeça de lista, mas não conseguiu eleger um único deputado para a Assembleia da República.
Santana acabou por sair também do Aliança, em 2021, e dedicar-se ao que afirma ser a sua verdadeira vocação: a política local. Em 2021 apresentou-se como candidato independente à Câmara da Figueira da Foz. A vitória foi curta e sem maioria. Comprometeu-se a dialogar com todos os partidos -.uma “vantagem” de ser independente, disse na altura.
O regresso à Figueira da Foz seria um projeto a longo prazo. Santana assumiu publicamente que o objetivo era de cumprir os três mandatos legais à frente do concelho da maior praia urbana da Europa.
Dez anos passados das declarações de António Costa, o nome de Santana Lopes volta a surgir como possível candidato. Mas, as circunstâncias referidas pelo atual primeiro-ministro, já não se aplicam ao atual presidente da Câmara da Figueira da Foz.
Santana Lopes recorda “simpatia” de Costa
Esta quarta-feira, em entrevista à SIC Notícias, Santana Lopes recordou as palavras de António Costa para destacar a “simpatia” que este lhe dirigiu em 2014 e voltou a tocar no assunto de uma possível candidatura.
“António Costa muito simpático nas palavras disse sobre mim na altura (...). Eu era provedor da Santa Casa. Não avancei e não tenho nenhuma obsessão por exercer esse cargo. Eu gosto do trabalho executivo, e adoro o trabalho de presidente da Câmara”.