O Presidente da República não quer falar sobre o futuro sucessor, mas deixou-lhe um pedido, numa passagem inédita desde que está em Belém pela Universidade de Verão do PSD. Marcelo Rebelo de Sousa quis concentrar-se sobretudo na guerra na Ucrânia.
Em matéria presidencial, o presidente do partido, Luís Montenegro, também foi questionado sobre as posições recentes de Luís Marques Mendes e Pedro Santana Lopes, mas garantiu que o partido só vai pensar em eleições presidenciais daqui a dois anos.
Marcelo quer ser lembrado como "presidente de proximidade" apesar dos riscos
O chefe de Estado querer deixar como legado dos seus dois mandatos "a proximidade com as pessoas", admitindo que por vezes com o risco de uma competição "não desejada" com populistas.
"Se eu conseguir chegar ao fim do mandato tendo preenchido esse objetivo, posso não ter preenchido outros, mas esse está atingido, espero que os meus sucessores esse não percam e, naquilo que eu falhei, façam muito melhor do que eu", desejou.
Depois de ter fugido a questões como os problemas na habitação, Marcelo foi confrontado com a seguinte pergunta: “Imagine-se como Presidente da Ucrânia, com um primeiro-ministro como António Costa e um líder da oposição reformador como Luís Montenegro. Imagine-se a meio do mandato, qual o legado que deixa às gerações futuras, como gostaria de ser lembrado?”.
Desta vez, Marcelo Rebelo de Sousa considerou a pergunta "facílima de responder" e dispensou a metáfora ucraniana.
"O que eu gostaria de deixar, eu acho que provavelmente aquilo que talvez deixe é ter sido um presidente de proximidade", definiu.
"Russofobia" é “disparate total"
O Presidente da República defendeu ainda que nunca alimentou a “russofobia” e que aquilo a que se assistiu foi um “disparate total”.
“Não se toca mais compositores russos, são se passa mais filmes russos (...) toda a cultura russa é emitida…isso é uma coisa sem senso, e quem pensa assim, quem reage assim, perde boa parte da sua razão quando defende a causa que quer defender. É uma forma estúpida de defender uma causa, que é realmente uma ofensa à inteligência e uma ofensa àquilo que deve ser a nossa visão do mundo”, defendeu.
No seu discurso também houve espaço para uma rápida aula de história.
“O mundo que saiu da II Guerra Mundial era bipolar, com duas super potências: EUA e União Soviética e viveu-se assim durante décadas. Isto terminou com a queda do Muro de Berlim”, começou por explicar, referindo-se que depois o “mundo passou a ser unipolar, (...), mas condicionado”.