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Tempestade Perfeita: escuta revela que suspeitos não queriam Jorge Seguro Sanches como ministro

No processo Tempestade Perfeita, uma escuta revelou conversas entre Paulo Branco e Miguel Santos sobre planos para o Ministério da Defesa. Reuniam-se em jantares para trocarem "notícias frescas" e prepararem a "dança das cadeiras".

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O processo Tempestade Perfeita revela que os suspeitos do processo não queriam Jorge Seguro Sanches como ministro. Uma das escuta refere que Fernando Medina e Marcos Perestrello eram referidos como os eventuais futuros ministros da Defesa. À SIC, o ex-Secretário de Estado da Defesa, Jorge Seguro Sanches, pede consequências para os envolvidos e fala de um ataque pessoal.

No centro do processo estão Alberto Coelho, ex-diretor-geral de Recursos; Paulo Branco, diretor de Serviços Financeiros; Francisco Marques, diretor de Serviços de Infraestruturas e Património; e Miguel Santos, na altura sub-diretor-geral do Tesouro e Finanças e vogal da ESTAMO, a imobiliária do Estado.

De acordo com processo, reuniam-se em jantares para trocarem "notícias frescas" e prepararem a "dança das cadeiras" para lugares estratégicos.

Numa das conversas entre Paulo Branco e Miguel Santos, Jorge Seguro Sanches não poderia estar no Ministério da Defesa para os planos avançarem.

O que revelaram as escutas

"Paulo Branco: eu acho que este quarteto tem muito potencial! Em que moldes, não sei porque isso depende muito das oportunidades que possam surgir, não é? Mas se fosse tudo feito à nossa…

Miguel Santos: não! Claro. Eu também concordo com isso".

Para os investigadores ficou claro que os suspeitos viam o ex-secretário de Estado da Defesa como um entrave para os seus objetivos.

"Paulo Branco: eu acho que há muitas oportunidades no âmbito da Defesa. Em domínios que são do interesse comum, não é? Sempre tivemos um gosto especial pela parte do património e acho que há possibilidades de construir aqui qualquer coisa nesse domínio!

Miguel Santos: claro!

Paulo Branco: se for o Marques Perestrello é uma coisa, se for o Medina é outra… se for uma terceira pessoa é outra. Vamos ver.

Miguel Santos: claro, claro.

Paulo Branco: vamos ver. Desde que não seja o Sanches, tudo é bom!

Miguel Santos: (risos) Exatamente!

Paulo Branco: (risos)

Miguel Santos: tá bom!

Paulo Branco: essa é a linha de pensamento que ainda me mantém acordada à noite.

Miguel Santos: (risos)

Paulo Branco: é que ainda pode ser o Sanches! (Risos)

Miguel Santos: (risos)

Paulo Branco: não há maneira de ele falecer (risos). Não… Vá Miguel, qualquer coisa…

Miguel Santos: vá, um abraço. Até amanhã".

De acordo com o que a SIC apurou, os contactos entre os quatro elementos remontam pelo menos a 2019. Em dezembro desse ano, os quatro viajaram durante uma semana até Washington e Ohio, nos Estados Unidos, para avaliarem património.

Há varias informações no processo que revelam a proximidade deste ex-dirigente das Finanças aos diretores da Defesa. Miguel Santos foi investigado no processo, mas não foi constituído arguido por falta de prova.