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Negociações com sindicatos dos médicos: "Em cima da mesa está o futuro político de Manuel Pizarro"

Tiago Correia, comentador da SIC, diz que "se o ministro não for capaz de convencer os sindicatos que têm uma solução de longo prazo para o setor", os protestos vão continuar e "mais cedo ou mais tarde, um caso fatídico irá ter uma consequência política".

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O Ministério da Saúde volta esta quinta-feira a reunir-se com os sindicatos representativos dos médicos, um mês depois da última ronda negocial que terminou sem acordo. Tiago Correia defende que na mesa das negociações está "o futuro político de Manuel Pizarro". O comentador da SIC diz que se não for encontrada uma solução "mais cedo ou mais tarde um caso fatídico irá ter uma consequência política, foi isso que aconteceu à ministra Marta Temido".

"Se o ministro não for capaz de convencer os sindicatos que têm uma solução de longo prazo para o setor, os sindicatos não só vão manter as formas de protesto que têm acontecido nas últimas semanas, mas também o boicote às horas extraordinárias além das 150 não vai cessar", diz Tiago Correia e acrescenta que o ministro "precisa de tentar serenar o setor, porque se não o fizer, mais cedo ou mais tarde, um caso fatídico irá ter uma consequência política", tal como aconteceu com a ex-ministra da Saúde, Marta Temido.

Os sindicatos contestam a proposta do Governo de um aumento salarial de 3,6%. Os médicos reivindicam ainda o novo regime de dedicação plena. Pelo menos 2.000 médicos já recusaram fazer horas extraordinárias além das 150 previstas na lei, situação que está a criar problemas, sobretudo nas urgências.

O comentador da SIC para a área da Saúde considera que "não se pode entender o trabalho em saúde de forma rígida, como tem sido entendido, ou seja, a dificuldade de colocar profissionais onde o Serviço Nacional de Saúde (SNS) precisa de os colocar, precisa de atrair".

Tiago Correia aponta falhas sistemáticas no funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e dá o exemplo das cirurgias, que são sempre colocadas "como um trabalho extraordinário, porque isso é pago um valor muito significativo, muito acima daquilo que seria esperado, não traz eficiência e, sobretudo, causa esta entropia".

O comentador da SIC considera que é importante que se diga que o Orçamento para 2024 na área da Saúde está "bem feito do ponto de vista quantitativo, o dinheiro que está colocado para o SNS, mas também do ponto de vista estratégico". Contudo, realça que se pode estar a "colocar mais dinheiro no SNS e isso não se traduzir em maior eficiência".

Em relação aos constrangimentos que se têm registado, principalmente em Lisboa e no Algarve, Tiago Correia diz que "é impossível termos certeza sobre o que vai acontecer", "não há forma de perceber se dos cerca de 2.000 médicos que já aderiram, quem é que vai recuar nesse boicote ou quem é que ainda poderá vir a aderir".

Para o comentador da SIC, é claro para toda a gente que "a situação é insustentável e não pode continuar" e que "é muito importante que se perceba que o SNS é uma peça fundamental para a coesão social e qualquer disrupção que aconteça e tem acontecido, vem agravar as desigualdades sociais na sociedade portuguesa".