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Caso EDP: Manuel Pinho admite ter escondido património, mas nega suborno

À terceira sessão de julgamento, Manuel Pinho admite ter criado a Fundação Tartaruga apara esconder património quando foi para o Governo. "Tenho consciência do que fiz. Era a forma que o BES tinha de pagar".

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Manuel Pinho assumiu esta terça-feira que escondeu património no Panamá quando era ministro da Economia, mas garantiu que não ocultou qualquer suborno de Ricardo Salgado. E reafirmou que não era pago para satisfazer os interesses do Grupo Espírito Santo.

O principal arguido do processo EDP revelou em tribunal que foi convidado por José Sócrates para dirigir o Banco de Portugal e diz que o facto de não ter aceitado é uma prova de que não era pago para satisfazer interesses.

Reiterou que não foi corrompido mas confirmou ter recorrido a essa offshore com sede no Panamá, para onde foram transferidos os pagamentos de Ricardo Salgado.

Diz que o fez não para esconder dinheiro ilícito do antigo presidente do Banco Espírito Santo, mas apenas para não declarar património em Portugal.

"Tenho consciência de que fiz. Uma pessoa deve assumir. Era a forma que o BES tinha de pagar", afirmou Manuel Pinho.

Recebeu 500 mil euros mais prestações

Segundo a acusação através da Fundação Tartaruga, Manuel Pinho terá recebido 500 mil euros assim que entrou no Governo, e depois transferências mensais de 15 mil, a partir da Espirito Santo Enterprises. o chamado “Saco Azul do GES”.

O antigo ministro da Economia declarou o dinheiro em 2012, ao abrigo de uma amnistia fiscal criada pelo Governo.

Pinho admitiu em tribunal ter sido convidado pelo então primeiro-ministro, José Socrates, para substituir Vitor Constancio como Governador do Banco de Portugal. Negou o convite e disse que esta recusa prova que não era pago para satisfazer interesses do Grupo Espírito Santo

“Depois de pensar, depois de me aconselhar, concluí que não estava nada interessado em ter outro cargo público. Se estivesse eu interessado e fosse um agente ao serviço do Dr. Salgado, nada melhor do que estar no Banco de Portugal para satisfazer os seus interesses”.

Pinho disse que preferiu ir para os Estados Unidos dar aulas, mas assumiu ter falado com Salgado sobre o assunto apenas por mera cordialidade e não por estar ao serviço do antigo presidente do BES.