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Rui Tavares: "Isto não é apenas uma crise política"

O líder e deputado único do Livre diz que "não há como dourar a pílula" face à situação política do país. Em todos os cenários, "é mau para a democracia" e, agora, é necessário cuidado "para não beneficiar populistas a autoritários".

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Costa demitiu-se. Marcelo aceitou e, esta quinta-feira, dissolveu o Parlamento e convocou eleições para março. Os partidos políticos já estão a reagir ao discurso do Presidente da República. Rui Tavares, líder e deputado único do Livre, aponta várias formas de olhar para o problema - não há nenhuma positiva - e diz que isto não é “apenas uma crise política”.

“É mau para nossa democracia. Quer queiramos acreditar na versão de corrupção ao mais alto nível do executivo, a poucos metros do escritório do primeiro-ministro; quer queiramos acreditar na versão de um Ministério Público que faz fuga de informações a conta gotas; quer queiramos acreditar que há partidos oportunistas que se vão aproveitar de tudo isso para minar a democracia; quer achamos que no fundo todas as versões tem uma parte de verdade. Não há como dourar a pílula”, afirma Rui Tavares.

Para o líder do Livre, o que o país está a viver é muito mais do que uma crise política. “É mais sério que isso, é uma crise de regime, que todos nós temos de contribuir para ultrapassar”.

"Para salvar uma democracia, é preciso a cidadania inteira, é preciso que os grandes projetos do nosso país sejam transparentes, rigorosos, e sejam responsabilizados".

“Não é para comemorar o 25 de Abril, é para salvar”

No centro da "Operação Influencer" estão as investigações aos negócios do hidrogénio verde, do lítio e da construção de um grande centro de dados.

“O que está errado não é Portugal querer combater as alterações climáticas, não é querer subir na escala de valor em termos de economia. É isto tudo ser feito com métodos da democracia antiga, opaca, personalizada, e muitas vezes capturada por interesses privados”, frisa o líder do Livre.

Rui Tavares encerrou a dizer que, sendo preciso “mudar as práticas políticas e a cultura de poder em Portugal”, o 25 de abril este ano “não é para comemorar, é para salvar o 25 de Abril”.

"Eleições a 10 de março" para "devolver a palavra ao povo"

Após toda a polémica dos últimos dias, com a “Operação Influencer”, os cinco detidos e a demissão de António Costa, o Presidente da República confirmou que vai dissolver o Parlamento e marcou eleições antecipadas para “10 de março” do próximo ano.

Antes do anúncio mais esperado, Marcelo destacou que “pela primeira vez em democracia, um primeiro-ministro ficou a saber que ia ser objeto de processo autónomo sob jurisdição do Supremo” que ditou a demissão do chefe de Estado, por “razões de dignidade indispensável à continuidade do mandato em curso”.