Afonso Salema, o CEO da Start Campus - empresa que está no seio da investigação da Operação Influencer - vai renunciar ao cargo depois de serem conhecidas as medidas de coação, anunciou o advogado.
Recorde-se que Afonso Salema é um dos cinco detidos na operação conduzida pelo Ministério Público na terça-feira e foi também um dos visados nas escutas que constam do auto da indiciação.
Numa das conversas relatada pela investigação, o CEO da Start Campus liga ao diretor da Zona Industrial e Logística de Sines, Miguel Borralho. Diz estar a caminho de Sines com Lacerda Machado para uma reunião com Nuno Mascarenhas, o presidente da autarquia. Salema diz que leva o melhor amigo do primeiro-ministro para “pôr o medo de Deus” sobre o autarca.
Por diversas vezes, os donos da Start Campus tentaram pressionar o primeiro-ministro para que tomasse medidas para que o mega projeto de Sines andasse mais depressa.
Numa outra escuta, Afonso Salema chega mesmo a usar a expressão que é “preciso escalar ao primeiro-ministro”.
Operação Influencer
Entre os detidos estão ainda Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro, o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, Rui Oliveira Neves, administrador da sociedade Start Campus, e o advogado Diogo Lacerda Machado, melhor amigo de António Costa.
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos. Deste caso, decorre ainda uma investigação autónoma ao primeiro-ministro, no Supremo Tribunal de Justiça.
Este processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real, um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines e Setúbal e o projeto de construção de um data center na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.