Apesar de reconhecer que a pressão “está sempre associada a este tipo de processos, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) sublinhou esta terça-feira, na SIC Notícias, que ”o que se espera do Ministério Público é que tenha o discernimento e a serenidade necessários" para lhe resistir e “exercer de forma objetiva o seu trabalho”.
Adão Carvalho analisou o cenário de mediatismo que rodeia o processo da Operação Influencer, que deu origem a uma nova crise política e à demissão de António Costa, assim como de João Galamba, e defendeu que é preciso que quem tem “responsabilidades políticas” não contribua para empolar a situação.
“Quem tem responsabilidades políticas devia contribuir para serenar e para que exista uma compreensão também por parte dos cidadãos, e não ver cada uma destas situações, que são o exercício normal do funcionamento da justiça, como um cataclismo, como se o mundo fosse acabar por existir um processo, por algumas pessoas estarem a ser investigadas", afirmou o Adão Carvalho.
O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público lembrou também que o facto de um inquérito ser aberto não significa que este leve a um julgamento.
“Nada impede, porque é isso que pode ser o normal desfecho do processo, que finda a fase de inquérito, o Ministério Público possa concluir que, face a elementos de prova que venha a recolher e com a contribuição da defesa, que os factos efetivamente não constituem crimes ou que não há indícios suficientes para levar alguém a julgamento”, clarificou.
Ainda assim, sobre os possíveis danos na imagem do Ministério Público junto dos cidadãos, face à libertação de todos os arguidos, Adão Carvalhos não tem dúvidas de que estes resultam “de um certo empolamento, que é lamentável, sobretudo de pessoas que têm responsabilidades de contribuir para que não exista e para que, no fundo, haja um esclarecimento”.
Questionado sobre a quem se referia, o presidente do SMMP adiantou estar a dirigir-se “a pessoas que têm responsabilidade a nível político”, mas “a ninguém em particular”.
“A perspetiva do primeiro-ministro, honra seja feita, num primeiro momento foi de dizer que respeitava a justiça e que este sistema que temos é assim que deve funcionar, que deve ser respeitada a sua independência”, acrescentou.