O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, garante que não cede a pressões e que vai cumprir o mandato até ao fim.
A informação é avançada este domingo pelo jornal Público.
Centeno tem mais um ano e meio pela frente na chefia do banco central e não afasta a possibilidade de recondução a um segundo mandato. Ainda assim, é uma hipótese que pode ser travada no futuro perante uma vitória da direita nas eleições legislativas antecipadas.
Mário Centeno tem estado debaixo de fogo, depois de ter sido apontado pelo primeiro-ministro como possível sucessor na chefia do Governo, caso Marcelo Rebelo de Sousa não dissolvesse o Parlamento.
O Público dá ainda conta de um telefonema entre Marcelo e Centeno, no dia 9 de novembro (dia em que o chefe de Estado falou ao país), no qual o Presidente da República terá dado a Centeno uma “palavra de conforto” e ter-lhe-á explicado a razão da convocação de eleições antecipadas.
Em declarações ao jornal Financial Times, no passado domingo, o governador do Banco de Portugal afirmou ter recebido "um convite do Presidente e do primeiro-ministro para refletir e considerar a possibilidade de liderar o Governo" e que estava "muito longe de tomar uma decisão".
Em reação, na madrugada de domingo para segunda-feira, o Presidente da República publicou uma nota a negar que tenha convidado quem quer que seja para chefiar o Governo, incluindo Mário Centeno, ou autorizado qualquer contacto para este efeito.
A declaração de Marcelo Rebelo de Sousa levou Centeno a corrigir a sua declaração: "É inequívoco que o senhor Presidente da República não me convidou para chefiar o Governo", já que optou por dissolver a Assembleia da República, disse Mário Centeno em comunicado.
A conduta de Mário Centeno levou a uma reunião extraordinária da Comissão de Ética do Banco de Portugal, para ser avaliada, tendo esta considerado que o governador cumpriu os deveres gerais de conduta e "agiu com a reserva exigível". Contudo, acrescenta que, "no plano objetivo, os desenvolvimentos político mediáticos subsequentes podem trazer danos à imagem do Banco", considerando que "a defesa da instituição é ainda mais relevante num período como o atual".
Neste sentido, recomendou a comissão presidida por Rui Vilar que "o governador, a Administração e o Banco no seu todo continuem empenhados na salvaguarda da imagem e reputação do Banco de Portugal".