Os médicos e o Governo regressam esta tarde às negociações. Os sindicatos querem recuperar os temas que estavam em discussão no último encontro, antes da crise política, nomeadamente a reposição das 35 horas de trabalho, o fim das horas extra para além das previstas por lei e o aumento dos salários acima do que já foi proposto pelo Governo. Os sindicatos dizem que um acordo impõe-se mais do que nunca, mas falta vontade política. Para Tiago Correia, a aproximação de eleições pode ditar um desfecho diferente dos anteriores nas negociações desta quinta-feira entre Governo e sindicatos dos médicos.
"Se não houvesse crise política, não havia qualquer indicação de que o acordo fosse possível e a crise política vem fragilizar a posição do Governo, não só porque os sindicatos sabem que há um maior escrutínio do eleitorado e, portanto, que os partidos vão a eleições, mas também porque há aqui uma janela temporal para para o inverno e, portanto, há aqui uma pressão para uma tomada de decisão", considera Tiago Correia.
O comentador da SIC que questiona até que ponto é que o Governo quer arriscar a não existência de um acordo e se o PS considera que tem condições de gerir politicamente a possibilidade de haver uma situação gravosa, uma situação difícil no Serviço Nacional de Saúde (SNS), num momento prévio à campanha eleitoral.
Por outro lado, defende Tiago Correia, é a carreira política do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que pode estar em causa.
“Continuará certamente a ser um ator político após cessar funções como ministro da Saúde e que marca é que quer deixar enquanto ministro da Saúde, pensando no seu próprio futuro político autárquico ou outro”
Na opinião do professor de saúde internacional, estes dois aspetos políticos podem contribuir para que o desfecho das negociações desta quinta-feira seja diferente do que tem sido até agora.
Tiago Correia alerta que a situação no SNS "tenderá a complicar-se á medida que o inverno avança".
“É verdade que os constrangimentos são reais, são efetivos, as pessoas sentem-no no seu dia a dia. A situação só não é mais grave neste momento, porque as condições climatéricas não têm sido tão adversas como às vezes são nesta altura do ano”.
O comentador da SIC sublinha que a manter-se a atual situação de crise no SNS "vamos ter um dezembro pior do que novembro, vamos ter um dezembro pior do que Novembro, nem que seja pelas condições climatéricas e também pelas festividades".
“Temos a questão do boicote ao trabalho voluntário, extraordinário, voluntário, portanto, ir além das 150 horas anuais que se vai continuar a sentir em dezembro, e temos a expectável pioria das condições climatéricas que provoca doenças habituais sazonais nesta época e, portanto, o mês de dezembro terá todas as condições para ser mais difícil do que o mês de novembro”, destaca o comentador da SIC.