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Análise

41.º Congresso do PSD: “Não há uma mobilização do partido”

Sobre o congresso do PSD, em ambos comentadores persiste a dúvida se "Luís Montenegro conseguirá galvanizar ou não os seus militantes", tendo em conta que "o entusiasmo nas hostes não é muito grande".

Nuno Ramos de Almeida, comentador SIC
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No Edição da Noite da SIC Notícias, os comentadores da SIC Nuno Ramos de Almeida e Sebastião Bugalho perspetivaram sobre a importância do 41.º Congresso Nacional do Partido Social Democrata (PSD), que irá decorrer este domingo. Nuno Ramos de Almeida defende que não está a haver "uma mobilização do partido”, acrescentando Sebastião Bugalho que "à fadiga do PS não estamos a responder com entusiasmo no PSD".

Será o congresso suficiente para “levantar" o PSD?

Questionado sobre se o Congresso do PSD poderá ser o comício de aclamação do líder do partido, Sebastião Bugalho afirmou que normalmente os “comícios têm esse poder”, mas que se será eficiente ou não dependerá da atitude do presidente do partido.

“Tudo depende de como Luís Montenegro conseguir galvanizar ou não os seus militantes, as propostas que vai trazer para cima da mesa e o modo como vai conseguir tirar da cabeça do votantes do PSD o elefante na sala, que são as sondagens que não crescem depois de uma crise política que derrubou o terceiro governo de António Costa”, defendeu.

Deixou ainda a tese que de “se foi um assunto judicial que derrubou o PS, a politica não está a ser suficiente para levantar o PSD”, não se mostrando “otimista” para o que se irá desenrolar neste congresso.

Na opinião de Nuno Ramos de Almeida, as ausências já anunciadas na reunião do PSD demonstram que Montenegro não conseguiu “entusiasmar Cavaco Silva, Passos Coelho, Durão Barroso”.

“Dos líderes do PSD só lá vai estar Manuela Ferreira Leite e tem o Carlos Moedas em part-time, portanto, o entusiasmo nas hostes não é muito grande, e também o que se nota nas sondagens é como uma espécie de libertação de voto. Isto é, tanto o PS como o PSD não estão a conseguir atrair o chamado ‘voto útil’. Há uma certa descrença no centrão e há uma espécie de pulverização nas sondagens", defende.

Sondagens: a abstenção

Segundo Nuno Ramos de Almeida “não há uma mobilização do partido” e o que se nota através das sondagens “é que as pessoas estão relativamente fartas”.

"Depois há o problema da abstenção. Toda a gente diz que vai às eleições e, na realidade, depois poderemos ver que há muita gente que vai achar que não vai valer a pena, ou vai haver gente que acha que as questões que estão em cima da mesa não são importantes", defende.

Sebastião acrescentou que “o dilema do PSD que é, depois de um grande trambolhão moral do Partido Socialista, o primeiro-ministro demitiu-se, o Presidente [da República] anunciou que iria dissolver a Assembleia, mas o maior partido da oposição não reagiu, ou seja, à fadiga do PS não estamos a responder com entusiasmo no PSD”.

Disse ainda que “se as sondagens continuarem assim, o PSD vai acabar a disputar a liderança da oposição com o resto da direita e não a chefia do Governo do PS”.

“De isso de fato se concretizar - eu espero que não, porque acho que seria péssimo para o sistema político e uma e rompia totalmente com a história do do regime, com os equilíbrios do regime -, mas o PSD não se pode transformar num partido de autarcas se não deixa de ser o PSD como nós o conhecemos há 50 anos e isso é perigoso para a democracia”, conclui.

Principais problemas “à vista” para o PSD

Segundo Nuno Ramos de Almeida, “o problema principal é que o PS roubou o programa ao PSD, durante a execução do governo”.

“Grande parte das soluções que o PS faz, das chamadas contas certas, ou no investimento em direitos mas apenas em subsídios que permitam sobreviver, são uma política que o PSD podia fazer perfeitamente. Então o que é que o PSD lhe resta? Resta-lhe a política do casos e do casinhos, e a questão da corrupção, a questão da competência”.

Uma das dificuldades apontadas por Sebastião Bugalho é que “primeiro, não me parece que o partido esteja exatamente otimista. Não há uma sensação de que vão para o poder ou que vão para o Governo”.

Acrescentando ainda que “qualquer partido do poder tem sempre ao fim de 50 anos de democracia, fragilidades morais e esqueletos no armário".

“Portanto, eu entendo que um partido de poder que quer substituir outro partido de poder, não vai fazer campanha com base no Ministério Público”, afirma.