O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) já recebeu o relatório final da auditoria interna ao caso das duas gémeas luso-brasileiras tratadas no Hospital de Santa Maria e enviou-o à Inspeção-Geral da Saúde e à tutela.
A revelação foi feita esta quarta-feira pela presidente do conselho de Administração do CHULN, Ana Paula Martins, que está a ser ouvida na Comissão Parlamentar de Saúde a pedido do PS e sob requerimento potestativo da IL, sobre o "alegado favorecimento de duas bebés gémeas, que sofrem de Atrofia Muscular Espinhal, no acesso ao tratamento com o medicamento Zolgensma".
Ana Paula Martins disse ainda que o relatório final ficou concluído na terça-feira à noite.
Investigação
O caso das duas gémeas residentes no Brasil que entretanto adquiriram nacionalidade portuguesa e vieram a Portugal receber, em 2020, o medicamento Zolgensma para a atrofia muscular espinhal, com um custo total de quatro milhões de euros, foi divulgado pela TVI, em novembro.
O assunto está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e foi objeto de uma auditoria interna no Hospital de Santa Maria.
O Expresso diz que o primeiro contacto com o Serviço Nacional de Saúde foi afinal no Hospital de Faro. Uma familiar das gémeas que vive no Algarve terá pedido ajuda a uma pediatra que encaminhou o caso para o diretor da neuropediatria do Dona Estefânia.
O hospital pediátrico, por sua vez, diz que nunca recebeu as crianças e que todos os contactos foram feitos por e-mail. Terá sido depois dito à família que teriam de contactar o Ministério da Saúde.
António Lacerda Sales é referido no processo clínico como o responsável pelo pedido de admissão no Santa Maria, mas o ex-secretário de Estado, até agora, nunca confirmou.
A primeira consulta no Hospital Santa Maria ocorreu a 5 de dezembro de 2019, mas apenas o pai compareceu. As crianças só vão pela primeira vez em janeiro de 2020 e o tratamento de quatro milhões de euros foi administrado em junho.
A Ordem dos Médicos abriu um inquérito disciplinar para apurar a ação de Lacerda Sales e outros médicos envolvidos no caso das gémeas luso-brasileiras.
Em entrevista à SIC, Carlos Cortes revela que o processo já foi enviado para o Conselho Disciplinar do Sul da Ordem dos Médicos, que dará agora seguimento ao inquérito disciplinar.