André Ventura assumiu, em entrevista à SIC Notícias, que o Chega só viabiliza um Governo minoritário do PSD se o programa “for perfeito”. O presidente do partido rejeita tratar-se de um “finca pé” e acrescenta que se o Chega for o partido mais votado à direita, procurará o diálogo.
“Se for um Governo que não combate a corrupção, não aumenta salários e pensões, é para chumbar. Isto não é uma questão de finca pé”, afirma André Ventura.
Questionado sobre uma possível reedição da geringonça, mas à direita, o presidente do Chega diz não saber se a questão “se vai colocar dessa forma”. No entanto, assume a vontade de formar Governo se houver maioria à direita.
“Se houver maioria à direita, o PSD deve procurar condições de governabilidade. Como eu espero que o Chega possa ultrapassar o PSD, e se houver maioria à direita, procurarei formar maioria de Governo mesmo se o PS tiver a maioria dos votos”, assume.
Confrontado com declarações recentes - em que acusou o PSD de ser um partido fraco - e sobre como essas afirmações podem afetar uma possível coligação, André Ventura defende que é preciso colocar de lado “a ideia de que as coligações são entre partidos irmãos ou de alianças”. Considera Montenegro “um amigo”, mas tal facto “não impede que diga o que tenho a dizer sobre o PSD”.
“O Chega é muito diferente do PSD e sim, este é um PSD muito apagado, são as sondagens que o dizem. Se o PSD estivesse a fazer um bom trabalho, o bloco da direita estaria muito à frente da esquerda”, critica.
A ambição do Chega para as pensões
Sobre a ambiciosa medida de igualar as pensões ao salário mínimo, André Ventura reconheceu que essa é uma medida que custará ao Estado cerca de sete mil milhões de euros por ano, mas diz tratar-se de uma “questão de dignidade”.
Mas como é que a vai financiar? Ventura diz que irá procurar apoio europeu e taxar a banca e o mercado paralelo.
“Não faz sentido falar-se em solidariedade europeia se continuarmos a ter o pensionista português a milhas do francês. Estamos numa mudança de paradigma”, defende.
Esclarece que a proposta do Chega é um aumento gradual para fazer preferencialmente em quatro anos e “com toda a certeza em duas legislaturas”. Assume o compromisso de, num primeiro ano de Governo, aumentar significativamente as pensões e, em quatro anos, as equiparar ao salário mínimo.
E se falhar tudo tudo? “Digo-lhes que é o primeiro governo da história que tem esta ambição e objetivo e, ao mesmo tempo, vai procurar ter instrumentos orçamentais que paguem esta medida. Pode falhar tudo, no final cá estarei para responder porque é que não deu”, garante.