O presidente do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) questionou o silêncio de Marcelo Rebelo de Sousa em relação aos protestos das forças de segurança. Em entrevista ao jornal Público e à Renascença, Armando Ferreira considerou que a lei que proíbe o direito à greve dos agentes ultrapassa o que está definido na Constituição.
“Era importante para os polícias sentirem que também o Presidente da República está com eles não só por um texto, mas por uma palavra pública”, disse o Armando Ferreira.
Quando questionado se esse “recado” de Marcelo não poderia ser considerado ingerência – uma vez que a campanha eleitoral está prestes a começar, o sindicalista responde que o Chefe de Estado “estaria a dar um recado a todos, não era só a um em particular”.
“Eu já ouvi o Governo português a dizer que agora não vai fazer nada porque não quer ser acusado de atos eleitoralistas. Eu acho que aqui não há ato eleitoralista nenhum, aqui há uma resolução de um problema que urge tratar e que nós não sabemos o que pode acontecer no futuro.”
Sobre a segurança durante as eleições, Armando Ferreira garante que “será sempre garantida”, mas não descarta a possibilidade de haver protestos. Chega a avançar que essas ações de luta já foram decididas pelo SINAPOL.
“A plataforma já decidiu nesse sentido: irá manter as ações de protesto durante a campanha, com presença assídua nos atos de campanha eleitoral que forem desenvolvidos em todo o país”, afirma.
Armando Ferreira critica ainda a proibição de realizar uma greve na PSP e apela a uma revisão. Lembra que os agentes desta força de autoridade são “funcionários civis” e não “militares".
“O direito à greve devia existir, obviamente com condicionantes. Com serviços mínimos assegurados a um determinado limite. Mas sendo certo que, neste momento, nós, PSP, já estamos em greve. Com a falta de efetivos, já estamos a trabalhar nos serviços mínimos, ou seja, se neste momento houvesse greve, poucos existiriam para ir trabalhar.”