A Justiça vai decidir esta quinta-feira o futuro da Operação Marquês. O Tribunal da Relação de Lisboa prepara-se para anunciar o resultado do recurso do Ministério Público contra a decisão do juiz Ivo Rosa, que deitou abaixo quase todo o processo.
"Chegou o tempo da Justiça e foi este o tempo que a Justiça necessitou para alcançar decisão justa, motivada, fundamentada e independente, própria de um Estado de Direito", disse o juiz Ivo Rosa.
A decisão vinha com o aviso de que seria justa.
O que se seguiu foram três horas em que o Ministério Público assistiu à demolição quase por completo da Operação Marquês.
"Não existe qualquer prova, nem é suficiente, muito menos congruente, completamente omissa, pouco rigor e consistência, apenas com recurso a especulação e fantasia será possível concluir nos termos enunciados na acusação", continuou Ivo Rosa.
Há quase três anos, o juiz Ivo Rosa decidiu que dos 189 crimes da Operação Marquês, apenas 17 eram válidos e que dos 28 arguidos apenas cinco podiam ser julgados.
Deixando de fora, por exemplo, os antigos administradores da PT, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro.
José Sócrates, o principal arguido, passou de 31 crimes para apenas seis. Livrou-se do mais grave: corrupção por negócios que terão favorecido o Grupo Lena, o Grupo Espírito Santo e Vale do Lobo em troca de 34 milhões de euros.
“Prenderam e difamaram durante anos um inocente. Todos esses crimes não existiram”, disse José Sócrates na altura.
O Ministério Público contra-atacou exigiu um julgamento para todos os 28 arguidos e por todos os 189 crimes.
O gigantesco processo demorou dois anos a chegar à Relação de Lisboa.
No meio destes 186 volumes seguiram as 1.700 páginas do recurso do Ministério Público.
A tentativa dos procuradores de reverter a decisão de Ivo Rosa esteve a ser analisada no último ano.
A Justiça prepara-se agora para anunciar o futuro da Operação Marquês.