O presidente do Chega acusa o PS e o PSD de quererem silenciar a justiça e diz que é preciso ponderação nas críticas. O líder do partido de extrema-direita relembrou que no caso de José Sócrates já houve decisões revertidas.
André Ventura esclarece a sua opinião a respeita do caso de corrupção na Madeira, onde três arguidos tiveram 21 detidos para depois serem libertados, após os interrogatórios - e contra os pedidos de prisão preventiva por parte do Ministério Público.
"Parece haver uma tentativa em curso dos dois principais partidos, PS e PSD, de quererem silenciar a Justiça, devemos ter cuidado e ponderação nos ataques que fazemos nesta altura. Ainda não sabemos quais as decisões ds tribunais superior, temos de aguardar e respeitar", afirma.
André Ventura relembra, também, que no caso Sócrates a situação foi "parecida" e o Tribunal Superior acabou por reverter.
"A tentativa que PS e PSD estão a ensaiar de aniquilar a Justiça e de a silenciar com suposta máscara de querer que a Procuradora Geral da República se tenha de demitir ou do MP ter de dar explicações porque estão em causa políticos ou uma crise política dá esta ideia aos cidadãos: quando são pessoas normais, não há problema, quando são políticos, há muito problema e nós temos é de silenciar a Justiça", termina.
Nos últimos dias, tem corrido muita tinta sobre a forma como a Justiça lidou com os arguidos no caso de corrupção na Madeira, inclusive críticas por parte do social-democrata Rui Rio.
O ex-presidente do PSD - que já foi alvo de buscas em 2023 - já esclareceu que gostaria que houvesse uma acordo entre sociais-democratas e socialistas para reformar a Justiça.
Defendeu, também, um maior escrutínio democrático ao Ministério Público e, na ausência de explicações da Procuradora Geral da República - tanto na Operação Influencer que derrubou o Governo da República, como agora na Madeira - esta se devia demitir do cargo.
"Na prática, o primeiro-ministro foi demitido pela PGR, que não tem sequer noção do gravíssimo dano que provocou ao País. (...) A origem da crise é o Ministério Público, que faz o que quer e como quer (...). Uma arrogância própria dos poderes absolutos, que é como o Ministério Público se sente", declarou Rui Rio, em dezembro do ano passado.
O Ministério Público pedia prisão preventiva para Pedro Calado e para os empresários Avelino Farinha e Custódio Correia. Mas o juiz de instrução tomou uma decisão diferente: liberdade.
No despacho de 74 páginas do juiz que libertou os arguidos, a que a SIC teve acesso, o magistrado deixa claro que não encontrou indícios de qualquer pacto entre o ex-presidente da Câmara do Funchal e os empresários que o terão corrompido.
As suspeitas do MP
Pedro Calado está indiciado de sete crimes de corrupção ativa. Avelino Farinha de quatro de corrupção passiva. E Custódio Correia, o outro empresário, de três crimes de corrupção.
O Ministério Público acredita que havia um esquema entre Pedro Calado e o empresário Custódio Correia, que passava pelo pagamento de patrocínios por parte de Custódio Correia à equipa de ralis do ex-autarca para ter em contrapartida benefícios e vantagens na contratação publica.