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Imigração em Arroios: Junta quer combater “máfias da legalização”, mas é acusada de discriminação

Contactada pela SIC, a Junta recusou-se a prestar declarações, mas garantiu, no entanto, estar a cumprir a lei de forma a travar as chamadas “máfias da legalização”, que vendem o acesso a atestados de residência, conforme denunciámos no ano passado numa reportagem.

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Várias organizações de apoio a imigrantes acusam a Junta de Arroios de atacar os direitos dos estrangeiros que vivem na freguesia. A Provedoria de Justiça já recebeu uma queixa por discriminação, e o Governo fala em extrapolação de competências.

As regras na freguesia, com maior concentração de nacionalidades em todo o país, mudaram com o edital de 9 de fevereiro afixado pela Junta. Apesar de não ser obrigatório, a Junta passou agora a exigir aos imigrantes que apresentem um título de residência válido para terem acesso a um atestado de residência.

No entanto, a lei estabelece que para esse atestado ser emitido é suficiente o testemunho de duas pessoas moradoras na freguesia ou uma declaração de honra de quem requer a emissão do documento.

Várias organizações de apoio a imigrantes acusam a Junta de ilegalidade, discriminação e ataque aos direitos dos estrangeiros.

“Está a condenar os imigrantes à irregularidade, a esquemas fraudulentos e está a condená-los a todo o tipo de exploração” , apontou, à SIC, Mariana Carneiro, do SOS Racismo.

Esse atestado serve para vários fins, por exemplo, para inscrição num centro de saúde, ou numa escola, ou para mudar a residência nas finanças.

À provedoria de Justiça já chegou uma queixa apresentada pelo Bloco de Esquerda. O Governo também já reagiu, acusando a Junta de Arroios, da coligação PSD, CDS-PP de Carlos Moedas, de ir além do que diz a lei.

“Compete às autarquias, nomeadamente às câmaras municipais, fiscalizar o número de pessoas que vivem nas habitações e as condições em que vivem, mas não devem extrapolar essas competências, nomeadamente exigindo títulos de residência para a obtenção do atestado de residência”, sublinhou o Governo.

Contactada pela SIC, a Junta recusou-se a prestar declarações, mas garantiu, no entanto, estar a cumprir a lei de forma a travar as chamadas “máfias da legalização”, que vendem o acesso a atestados de residência, conforme a SIC denunciou no ano passado numa reportagem.