O número de mortes por consumo excessivo de drogas está a aumentar, sobretudo entre os jovens e as mulheres. Os últimos números indicam que uma em cada três overdoses ocorreu em pessoas com menos de 35 anos.
O mais recente relatório divulgado pelo Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências revela que, em 2022, morreram 69 pessoas por overdose. A idade média registada foi de 43 anos.
“Duplicou o número de overdoses abaixo dos 35 anos”, nota Manuel Cardoso, médico e vogal do Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências. “É, portanto, bem significativo.”
Há também uma crescente taxa de mortes entre as mulheres. Em 2021, morreram quatro; em 2022, o número subiu para 16.
“O género feminino está a consumir mais”, contata Manuel Cardoso.
O relatório do ICAD aponta para um aumento de consumidores de cocaína. A substância foi encontrada no corpo de 46 pessoas que morreram de overdose.
“A cocaína, neste momento, é a droga que mais preocupa”, alerta o vogal do Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências. “Tirando a canábis, é a droga mais consumida. É a droga das elites, que está a ser democratizada.”
Há ainda registo de 367 outras causas de morte, onde também foram detetados indícios de consumo de drogas. É o caso de mortes por causa natural (152), acidentes de viação ou trabalho (96), suicídios (55) e mortes por causa indeterminada (42).
O Instituto para os Comportamentos Aditivos e Dependências refere que são necessários mais profissionais, salas de consumo e mais informação para os consumidores.