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Pressão nas urgências hospitalares: não há plano de verão, há "plano de desorganização"

Em semana de Santos Populares estão a aumentar os casos de Covid-19 e já se antecipam dificuldades na resposta dos serviços de saúde. Por exemplo, nas urgências dos hospitais da Grande Lisboa, os tempos de espera estão a aumentar de dia para dia.

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O verão ainda não começou e os hospitais já dão sinais de pressão. São, sobretudo, as urgências na Grande Lisboa que revelam mais constrangimentos.

No Amadora-Sintra, o tempo médio de espera para doentes urgentes, com pulseira amarela, tem sido de sete horas, já os que têm pulseira verde esperam o dobro, cerca de 14 horas. Também a grande afluência às urgências no hospital Beatriz Ângelo, em Loures, tem obrigado tempos de espera semelhantes.

Os especialistas lembram que sem profissionais em número suficiente para dar resposta à procura, não há plano de saúde que resulte.

"Infelizmente aquilo que estamos a constatar é que temos um plano de desorganização. Há uma enorme incapacidade neste momento de termos um SNS organizado. O plano de verão é a linha SNS24. Não é um plano de verão. Em primeiro lugar, tanto quanto sei, não houve um reforço substancial dessa linha e, em segundo lugar, nós temos de ter um plano estratégico para o verão que não é obviamente a linha SNS24 que o vai fazer e o vai elaborar", explica Caros Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos.

E há uma preocupação extra: a subida no número de casos de Covid-19 com as festas dos Santos Populares à porta e os previsíveis ajuntamentos e maior probabilidade de contágio.

Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), há vários dias que o número de novos casos não baixa dos 200 e já chegou a ultrapassar os 300 num só dia e uma média de mortes a rondar as sete por dia. O aumento da Covid-19 regista-se não só em Portugal, mas em toda a Europa.

"Há aqui vários motivos. Um deles é as novas variantes em que as pessoas vacinadas não estão completamente, digamos, imunizadas e aptas a fazer frente a estas novas variantes. As pessoas têm de ter mais cuidados, as pessoas assintomáticas têm de ficar em casa e as pessoas têm de usar marchas quando é necessário. Vai haver, obviamente, um período que já por si é de enorme pressão sobre os serviços de urgências por este tipo de infeções e outras, mas nomeadamente devido ao número de casos de covid que vai aumentar ainda mais essa pressão", diz Carlos Cortes.

Os médicos olham com preocupação para os próximos meses, mas esperam que, mais uma vez, os hospitais consigam organizar-se para mitigar as esperadas dificuldades em garantir as escalas das equipas médicas.