Pedro Nuno Santos condena a divulgação das escutas a António Costa e fala em "violação da lei". O secretário-geral do Partido Socialista (PS) diz que a abertura do inquérito por parte do Ministério Público (MP) não é suficiente.
“Aquilo que nós esperaríamos era que, para além da exposição pública dessas conversas, houvesse alguma explicação sobre o que aconteceu, porque é grave e nos preocupa profundamente do ponto de vista do funcionamento da nossa democracia”, afirma Pedro Nuno Santos.
O líder socialista diz que o Ministério Público e a Procuradora-Geral da República "devem explicações" pela divulgação das escutas e que é necessário “haver uma crítica clara e sem hesitações”.
“Não podemos fazer de conta que não estão a ser publicitadas na comunicação social conversas que não têm relevância para o processo em causa. Não podemos fazer de conta que não estamos a assistir a uma violação da lei”.
Ministra admite desconforto
A ministra da Justiça, Rita Júdice, assumiu esta sexta-feira "um desconforto" com a utilização das escutas em processos judiciais e adiantou que o Governo quer fazer "uma reflexão alargada" sobre o recurso a este meio de prova.
Em entrevista à Antena 1, Rita Alarcão Júdice foi questionada sobre a divulgação pública de escutas telefónicas que se prolongaram no tempo - como as que visaram recentemente o ex-primeiro-ministro António Costa na Operação Influencer, sem que estivessem diretamente ligadas aos factos deste processo -, e garantiu ficar "sempre preocupada quando há violações do segredo de justiça".
"O que o Governo pretende fazer é uma reflexão alargada e, desejavelmente, regular o recurso a meios ocultos de investigação, ou seja, quais as regras que devem seguir estes meios ocultos de investigação. Julgo que temos de fazer uma reflexão alargada, porque é claro que há um desconforto", afirmou.
As escutas a António Costa
As escutas ao ex-primeiro-ministro mostram que António Costa assume que a demissão da ex-CEO da TAP teve motivações políticas, depois da polémica indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis.
"Os 500 mil já nos custaram muito", ouve-se António Costa dizer nas escutas. “As pessoas precisam de sentir que o Governo não consente com merdas destas.” "Se isto se torna num inferno, é ela ou nós", terá dito o ex-primeiro-ministro.