A ministra da Justiça, Rita Júdice, veio a público justificar as declarações que fez sobre o perfil do futuro procurador-geral da República. Em entrevista ao Observador terá dito que era preciso que quem assumisse a pasta da Procuradoria-Geral da República pusesse “ordem na casa”. Quem não gostou desta afirmação foi o partido do Chega que pediu esclarecimentos a Rita Júdice e exigiu que fosse chamada ao Parlamento.
A ministra da Justiça já se pronunciou perante as exigências do partido de André Venturae justificou as suas declarações. Defende que não existe “qualquer referência ou até intenção de interferir com a autonomia do Ministério Público ou com a independência do poder judicial.”
Quanto à expressão “arrumar a casa” diz que se estava a referir a um “novo ciclo” que se iniciará em breve.
“Quando se diz “arrumar a casa” sinaliza-se que em breve se vai iniciar um novo ciclo que contribua para a dignificação da Justiça, eliminando o ambiente de crispação e de tensão causado pelas polémicas e controvérsias em torno das instituições judiciárias, mesmo que, por vezes, sem fundamento”, salientou a ministra da Justiça.
Acrescenta ainda que interpretar as suas declarações de outra forma é uma “deturpação do sentido da entrevista” que pode ser consultada publicamente por qualquer pessoa.
Chega considera declarações da ministra como "graves" e que “não podem passar em claro”
As palavras de Rita Júdice não passaram ao lado do líder do Chega, André Ventura, que manifestou de imediato o seu desagrado.
“Estávamos habituados a expressões destas no futebol e noutros domínios, não estávamos habituados é que na política alguém dissesse que tem de pôr o Ministério Público na ordem, ou que tem de pôr regra nas instituições policiais ou de investigação criminal”, comentou André Ventura, esta quinta-feira, em declarações aos jornalistas no Parlamento.
André Ventura deixou claro qual o seu objetivo e exigiu assim que a atual ministra da Justiça fosse chamada com urgência ao Parlamento para prestar esclarecimentos e justificar o carácter das suas declarações.
O líder do Chega disse ainda querer evitar que o próximo procurador-geral da República seja alguém que “está lá para fazer fretes ao poder político”.
A entrevista por detrás da polémica
Numa entrevista ao Observador divulgada, esta quinta-feira, a ministra da Justiça descreveu qual deverá ser o perfil do futuro procurador-geral da República, substituto de Lucília Gago, que terminará funções em outubro.
Para Rita Júdice terá de ser alguém capaz de devolver a credibilidade ao Ministério Público.
“[O Ministério Público] está muito vulnerável a algumas críticas, justas ou injustas. A verdade é que está exposto a muitas críticas e alguém tem que pôr ordem na casa”, defendeu.