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Forças de segurança: Governo não coloca "nem mais um cêntimo" na proposta porque já fez esforço "medonho"

Luís Montenegro fala em esforço "medonho": 300 euros mensais vezes 14 remunerações são 4.200 euros anuais, refere. Realça que o Governo não pode "perder autoridade de se preocupar com toda a sociedade".

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O primeiro-ministro diz estar disponível para acertos no acordo com as forças de segurança, mas Garante que o Governo "não vai colocar nem mais um cêntimo" na proposta.

Luís Montenegro fala em esforço "medonho" e diz que o Governo não pode "perder autoridade de se preocupar com toda a sociedade".

"Há uma coisa que não pode acontecer: é o Governo perder a autoridade de se preocupar com toda a sociedade, com todos os outros. Enquanto eu for primeiro-ministro, estarei disponível para resolver tudo aquilo que tem de ser resolvido em Portugal, mas não para trazer de volta a instabilidade financeira, o sofrimento para todos só para cumprir o interesse particular de alguns", afirma.

Nesse sentido, o chefe de Governo, que discursava no encerramento das jornadas parlamentares do PSD, em Sintra, dirige-se "de forma clara" às forças de segurança para dizer que não vai colocar "nem mais um cêntimo" na proposta. Diz estar disponível "para encerrar o processo negocial com acertos no acordo, mas não nos valores".

As negociações entre o Governo e os sindicatos da PSP e associações da GNR sobre a atribuição de um subsídio de risco permanecem, ao fim de três meses, sem acordo depois de o MAI ter proposto um aumento de 300 euros no suplemento de risco da PSP e GNR, valor que seria pago de forma faseada até 2026, passando o suplemento fixo dos atuais 100 para 400 euros, além de se manter a vertente variável de 20% do ordenado base.

O primeiro-ministro reforça que o Governo fez um "esforço como nunca nenhum Governo fez" para apresentar a proposta aos profissionais da PSP e da GNR.

"Demos corpo a uma metodologia de valorização salarial que não era aquele que preconizávamos, mas aquela que os representantes entenderam que é a mais benéfica", afirma.

"Convém lembrar que 300 euros mensais vezes 14 remunerações são 4.200 euros anuais", refere, acrescentando que tal representa "quase quatro vencimentos a mais" para os profissionais da PSP e GNR que ganham menos e "um a 1,5 vencimento a mais" para os que estão no topo da carreira.

Chega invade "esfera de competência do Governo"

O presidente do PSD deixa um aviso sobre o debate parlamentar marcado pelo Chega para quinta-feira, sobre as carreiras das forças de segurança, dizendo que este partido levará a discussão diplomas que "invadem a esfera de competência do Governo"

"Respeitamos a opinião política de todos, mas não vacilamos em denunciar, em combater, em confrontar os que se guiam pelo oportunismo, pela instrumentalização de problemas reais. Na próxima quinta-feira, veremos de que lado estão todos e cá estaremos todos para assumir a responsabilidade do que entenderem decidir", afirmou.

André Ventura, presidente do Chega, apelou no domingo a todos os polícias e forças de segurança para que "se mobilizem e compareçam no Parlamento" na quinta-feira, data em que o seu partido apresentará projetos para corrigir "uma injustiça histórica", dizendo que o Governo já teve três para o fazer.

Na quinta-feira, numa ordem do dia marcada pelo Chega, o partido leva a debate vários projetos-lei, incluindo um que aplica o regime de atribuição do suplemento de missão - de que usufrui a Polícia Judiciária - à Guarda Nacional Republicana, à Polícia de Segurança Pública e ao Corpo da Guarda Prisional.

Balanço da governação

Faz esta terça-feira três meses que tomou posse como primeiro-ministro, por isso, na mesma ocasião aproveitou para fazer um balanço da governação.

Luís Montenegro diz "não estar preocupado" em apresentar muitas leis.

"Apresentaremos todas as que forem necessárias para dar corpo a decisões que já tomámos e às que vamos continuar a tomar".

Para queles que "se distraem a analisar estas coisas", deixa um recado: é um exercício democrático, mas não ajuda a resolver problemas. Por respeito democrático, o Governo ouve, lê, aprecia, mas é " a última das prioridades", assinala o responsável.

"Vamos estar focados, concentrados, como sempre dissemos. Nós estamos aqui para cumprir a nossa obrigação de executar um programa que foi sufragado pelo povo português e não foi inviabilizado pela Assembleia da República".

Refere não estar nada preocupado com o tempo de duração da legislatura, que "está pré-determinado", assegurando que o Governo usará instrumentos que a lei e a Constituição lhe dão para "poder cumprir o seu programa".