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Forças de segurança surpreendidas com declarações do primeiro-ministro

O governo e as forças de segurança entraram em rota de colisão. Em plenas negociações sobre o suplemento de risco, o primeiro-ministro fez uma declaração que caiu como uma bomba na PSP e na GNR. Luís Montenegro garante que o valor não poderá ultrapassar os 300 euros por mês. Disse mesmo que não há margem para "nem mais um cêntimo".

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300 euros mensais pagos de forma faseada até 2026. A proposta está ainda a ser negociada, mas a PSP e GNR consideram que é pouco. Numa declaração surpresa, o primeiro-ministro diz que daí não passa: "Quero ser muito claro com os portugueses, o Governo não vai colocar nem mais um cêntimo na proposta que apresentou, porque nós fizemos um esforço que é um esforço medonho".

As palavras de Montenegro apanharam de surpresa os sindicatos e as organizações socioprofissionais.

"As declarações do Sr. primeiro-ministro são, de facto, incendiárias e inoportunas. (...) Não pode afirmar que nem mais um cêntimo, já não é questão financeira, é teimosia política e nós temos é que pensar na segurança pública e não estarmos a fazer teimosias de ambas as partes", diz Armando Ferreira do sindicato nacional da polícia.
"300 euros, ainda que não seja um valor que são migalhas, é um valor que ainda assim fica aquém do que nós consideramos o mínimo dos mínimos", explica Bruno Nogueira, porta-voz da plataforma de sindicatos da PSP/GNR.
"Estas declarações que consideramos infelizes por parte do primeiro-ministro vêm acentuar o sentimento de indignação e de revolta e acrescentar ainda mais a desmotivação", diz César Nogueira, presidente da associação nacional da guarda.
"As palavras do primeiro-ministro acabam por surpreender uma vez que estamos disponíveis para negociar e a senhora ministra também", explica Rui Neves, vice-presidente do sindicato independente dos agentes da polícia.

A declaração do primeiro-ministro terá apanhado de surpresa também a ministra da administração interna, que horas antes se mostrou otimista em relação às negociações.

"Quer os sindicatos, quer as organizações socioprofissionais, têm um comportamento e uma atitude positiva no sentido de procurar estabelecer com o governo o melhor acordo possível. Nós temos esta reunião marcada, o que eu quero sublinhar é que o governo está disponível para discutir até ao final", disse Margarida Blasco.

A dúvida é saber o que haverá ainda para discutir, depois do limite estabelecido pelo primeiro-ministro. A nova ronda negocial está marcada para quinta-feira da próxima semana. Antes disso, na quinta-feira, vão ser discutidas várias propostas para as forças de segurança. O Chega tem apelado para que todas se juntem, dentro e fora do parlamento. As palavras de Montenegro podem vir a ter impacto em termos de mobilização.

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