País

Suplemento para polícias: "Governo diz que se não for este, não é nenhum. É chantagem"

À SIC, César Nogueira da Associação Dos Profissionais Da Guarda, admite que até "pode haver acordo, mas isso não quer dizer que não haja protestos", se os valores ficarem aquém do pretendido pelos profissionais.

Loading...

"Deve haver mais respeito pela vossa coragem, maior valorização das vossas carreiras e maior justiça e equilíbrio nas remunerações das mulheres e homens que servem nas forças de segurança". Foram estas a palavras que Luís Montenegro dirigiu aos 217 novos militares da GNR, numa cerimónia na Figueira da Foz, esta segunda-feira.

Mas, logo depois, surgiu o aviso: "Quem tem, como nós temos, a missão de cuidar pelo bem-estar de todo um país, tem de ter o sentido de responsabilidade de não fazer nenhum interesse particular, por mais legítimo e justo que seja, fazer claudicar o interesse coletivo de todo um povo e de toda uma nação".

Um aviso do primeiro-ministro sobre o suplemento de missão, na véspera de mais uma reunião dos sindicatos com a ministra da Administração Interna (MAI). A posição de Montenegro já estava clara desde a semana passada, quando sublinhou que não acrescentaria "nem mais um cêntimo" ao valor proposto nas negociações - 300 euros de aumento no suplemento, a pagar de forma gradual até 2026.

Do lado os sindicatos, que inicialmente exigiam 600 euros, mas entretanto cederam até aos 400 euros - para se aproximarem dos valores atribuídos à Polícia Judiciária -, ainda há esperança num acordo e críticas à postura de Luís Montenegro.

"O Governo já disse que se não for este acordo, não é nenhum. Isto é uma chantagem, não deixa de o ser. Nós vamos para as negociações com sentido de responsabilidade, porque há problemas mais sérios nas carreiras para resolver, mas temos profissionais que podem não receber nenhum valor se não houver acordo porque estão na pré-reforma ou na reserva, e tudo isso tem de ser avaliado", assume à SIC César Nogueira, da APG/GNR.

Para o responsável, até "pode haver acordo, mas isso não quer dizer que não haja protestos", se os valores ficarem aquém do pretendido pelos profissionais.

Já Paulo Santos, da ASPP/PSP, alerta que "as declarações do primeiro-ministro poderão condicionar as negociações", mas sublinha que a MAI, Margarida Blasco, tem mostrado sinais de querer chegar a um entendimento com os sindicatos.

"Nós queremos ter um suplemento de condição policial, estamos disponíveis para perceber o que a senhora ministra tem para nos apresentar, desde logo outras alternativas. Temos uma linha vermelha nos 400 euros, mas vamos ver como vão correr as reuniões", conclui.