O plano para a saúde apresentado pelo Governo parece não estar a conseguir resolver os constrangimentos vividos nas urgências hospitalares e nos serviços de emergência médica. Esta terça-feira, o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) denunciou a situação no INEM por ser ainda "mais grave do que o que tem vindo a público".
O médico e comentador da SIC Notícias, Francisco Goiana da Silva, defende que o problema do INEM não são os seus presidentes mas sim a "falta de instrumentos de gestão que o último presidente tinha".
Luís Meira terá apresentado a sua demissão à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, na sequência dapolémica que envolve a renovação do contrato para os helicópteros do INEM.Vítor Almeida foi o nome escolhido para o cargo que acabou por abandonar uma semana depois. O médico terá imposto condições que o Governo não aceitou.
"Vítor Almeida já conhecia o INEM há largos anos. Aceitou o desafio da senhora ministra que é uma responsabilidade enorme e parece que não colocou condições nenhumas quando aceitou este desafio. Passado uma semana é que se lembrou de colocar uma série de condições, algumas delas impossíveis. Nem prestigiou o próprio nem prestigiou a instituição e acho lamentável porque criou uma expectativa no país que não é aceitável", referiu o comentador da SIC.
Francisco Goiana da Silva defende que é preciso "mais instrumentos de gestão e menos trocas na gestão".
Sugere ainda à ministra da Saúde que inclua o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, no grupo de trabalho que pretende rever o modelo das Unidades Locais de Saúde (ULS) em Hospitais Universitários.
Problemas nas urgências permanecem
"Nós temos um problema grave de recursos humanos em toda a região da Europa. Temos um problema de um recurso demasiado grande às horas extraordinárias dos médicos. O sistema foi construído em cima desse pressuposto. Não vamos resolver tudo nem em 60 dias nem num ano ou dois. Acho que devíamos aprender com a experiência anterior [ano passado]."
Esta semana, quase 600 médicos enviaram uma carta aberta à ministra da Saúde a expressar a sua indisponibilidade de fazer mais horas extraordinárias, além das previstas na lei, caso não haja acordo com os sindicatos nas negociações.
Francisco Goiana da Silva fala num "déjà-vu" que remete para o ano de 2023.
"Espero que mais uma vez o poder e interesses políticos não se sobreponham aos interesses de reorganização do sistema", defendeu.