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CDS quer que Miguel Albuquerque vá ao parlamento regional dar explicações sobre o incêndio na Madeira

Miguel Albuquerque continua a ter de se defender das críticas da oposição. Depois da recusa da ajuda externa, o Presidente do Governo Regional ouve os principais partidos que suportam o executivo a pedirem explicações. O Presidente do CDS quer que Miguel Albuquerque se justifique perante o parlamento regional.

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O incêndio da Madeira começou na quarta-feira. Dois dias depois parecia começar a ceder ao combate, mas no sábado as chamas voltaram a alastrar. O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, estava de férias na ilha de Porto Santo e só foi visto pela primeira vez no sábado à noite. Apareceu para desmentir as notícias que diziam que o Governo Regional tinha recusado a ajuda do Governo.

"É mentira que nós não tenhamos os reforços. Os reforços veem a caminho. Ninguém disse para não virem, vão chegar à uma da manhã. Não sei quem é que andou a propagar essa notícia que eu não queria os meios", disse Miguel Albuquerque aos jornalistas no sábado.

Afinal, quem disse o quê e com ordens de quem?

Quem propagou a notícia foram membros do Governo que o próprio Miguel Albuquerque lidera. Primeiro na sexta-feira, em declarações à Agência Lusa, uma fonte do Governo Regional revelou que o Governo central tinha oferecido mais meios para o combate, mas naquele momento não eram necessários.

No sábado à hora de almoço, o Secretário Regional com a pasta da Proteção Civil falou aos jornalistas e disse que a Madeira tinha meios de sobra para enfrentar as chamas.

"Pedimos ajuda a Lisboa se virmos que os nossos meios estão prestes a ser esgotados, o que não é o caso. Mas agradecemos a disponibilidade do Secretário de Estado com quem tenho falado desde quarta-feira", disse Pedro Ramos.

Poucas horas depois destas declarações, a Madeira aceitava finalmente o apoio de 76 operacionais enviados diretamente do continente, aos quais se juntaram mais cinco enviados pelos Açores.

Depois do incêndio, Albuquerque vai ter que enfrentar uma frente política

O passo atrás na decisão, não livrou Miguel Albuquerque das críticas e até o já frágil apoio parlamentar ao Governo pode estar em causa. O Chega já veio pedir demissões no coração do Governo Regional. O CDS, outro partido fundamental à permanência de Miguel Albuquerque no poder, também exige explicações.

"Eu julgo que o Governo está disposto e deverá, obrigatoriamente, ir ao parlamento prestar esclarecimentos sobre aquilo que se passou, quer em termos daquilo que se podia ter feito mais em termos de prevenção."
"Apesar de nos últimos anos se ter realizado um trabalho a nível de corta-fogos, construção de aceiros e de prevenção, mas eventualmente podia ter-se feito mais - mas sobretudo dar explicações sobre as decisões ou não decisões, ou decisões que foram atempadas e outras não, na decorrência deste incêndio", disse José Manuel Rodrigues, presidente da Assembleia Legislativa da Madeira./CDS-PP Madeira.

À esquerda tem sido Paulo Cafôfo, antigo presidente da Câmara do Funchal, o mais vocal nas críticas à atuação do Governo Regional da Madeira.

"Tínhamos um incêndio ativo e um Governo adormecido. Acho que não foi correta a postura do Governo Regional que lançou mais chamas para o incêndio que chamou de abutres e treinadores de bancada"

Para já a política madeirense vai andando ao sabor do fogo mas, quando as chamas se apagarem, começa o combate do Governo Regional.