País

Orçamento, guerras e bicadas à direita: Costa volta aos braços socialistas na Academia do PS

O antigo primeiro-ministro garante que se as negociações do Orçamento do Estado falharem, não será por culpa de Pedro Nuno Santos. Fala ainda sobre a Rússia e um possível alargamento da União Europeia, e diverge da posição oficial sobre a guerra na Palestina: União Europeia "não pode ter duplos critérios".

António Costa
Loading...

António Costa garante que se as negociações do Orçamento do Estado falharem, não será por culpa de Pedro Nuno Santos. Numa intervenção na Academia Socialista, em Tomar, o ex-primeiro-ministro saiu em defesa do líder do PS, lembrando a experiência de sucesso quando era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e conseguiu a aprovação de quatro orçamentos do Estado no primeiro Governo de Costa.

"Acho que poucas pessoas têm tanta experiência como Pedro Nuno Santos a negociar orçamentos com sucesso. Portanto, se não houver sucesso numa negociação do orçamento, seguramente não será por culpa de quem já deu tantas provas de saber negociar orçamentos.”

Costa voltou aos braços socialistas na Academia de Verão do PS já como futuro presidente do Conselho Europeu, que ainda não perdeu o gosto pelas bicadas na direita.

“As empresas é bom que se consciencializem disso é que o próximo grande choque de competitividade que vão ter de enfrentar é mesmo o da convergência salarial com a União Europeia. E o fator das qualificações, quer a direita goste ou não goste, é mesmo um fator decisivo para a competitividade na economia de hoje, não é a redução do IRC", disse o antigo primeiro-ministro.

Uma mãozinha aqui a Pedro Nuno Santos no IRC, outra ali a um certo pretendente às eleições presidenciais, que dá como exemplo de reconhecimento: “Talvez o melhor exemplo, e não é por falsa modéstia, tenha sido mesmo a eleição de Mário Centeno para Presidente do Eurogrupo.”

Já com um novo fato colado ao corpo, disse que a Rússia não pode ganhar a guerra, que a Europa deve preparar-se para um alargamento a mais nove países, mas divergiu da posição oficial sobre a guerra na Palestina.

“A Europa tem de saber liderar naquilo em que é imbatível que é nos valores. E têm de o fazer de uma forma que não tenha duplos critérios e em que perceba como a vida humana em Gaza vale tanto com a vida humana na Ucrânia, que o respeito pelo direito Internacional pela Rússia é tão relevante como o respeito do direito Internacional por Israel. E é isso que dá credibilidade à Europa.”

E é este o novo António Costa, cada vez mais virado para os assuntos externos.

"Essa minha maior ausência não significa menor pertença ao meu partido, que é o Partido Socialista e continuará sempre a ser o Partido Socialista. Portanto, pode ser que me vejam menos, mas eu estou cá.”

Uma certeza. A partir de agora vão vê-lo, mas mais a distância.