A fuga de Vale de Judeus podia ter sido evitada caso existissem torres de vigia na cadeia. A construção chegou a estar programada há quase dez anos, mas ficou no papel por falta de dinheiro.
A cadeia de Vale de Judeus tinha até 2017 quatro torres de vigilância, estrategicamente colocadas no último muro que separa os reclusos da liberdade.
As torres construídas nos anos 60 foram-se desgastando com o tempo. Dois anos antes de serem demolidas, estava previsto que fossem substituídas o que nunca aconteceu.
Ao que a SIC apurou, o relatório preliminar entregue à ministra da Justiça aponta esta como uma das principais falhas que levaram à fuga.
O documento dá conta que a obra nunca foi para a frente por falta de dinheiro. A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais não tinha os quase 250 mil euros que seriam necessários.
2015 foi o ano de transição entre os Governos de Passos Coelho e António Costa.
Os responsáveis pela justiça prisional ficaram descansados com as 180 câmaras de videovigilância e a subida do muro interior que fecha os pátios de recreio, mas que no sábado não conseguiu parar cinco fugitivos. Sem torres de vigia, os guardas deparam-se com outro problema ao tentar manter a ordem.
Seis minutos, um caixote do lixo, um auricular, um lençol e duas escadas: o esquema da fuga de Vale de Judeus
Se a GNR foi avisada da fuga mais de uma hora depois de ter acontecido, a Polícia Judiciária só soube passado três horas. O SIRESP, Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança, nunca foi ativado.
No relatório entregue à ministra da Justiça não é apontada a falta de funcionários na prisão como uma das razões para o sucesso da fuga, mas há muito que o Sindicato do Corpo da Guarda Prisional alerta para a falta de efetivos.
Esta quarta-feira, na reunião com Rita Júdice, foi confirmada a abertura de um concurso para 225 novos guardas prisionais e foi acordada uma progressão mais rápida nas carreiras.
Cinco dias depois da evasão de Vale de Judeus, Espanha lançou um alerta à população sobre os cinco homens em fuga.
Depois dos mandados europeus, foram também emitidos mandados de detenção internacionais.