Carlos Moedas reconhece que a acusação é grave, mas baseada na experiência dos Serviços Sociais da Câmara de Lisboa. O autarca garante que as pessoas em situação de sem-abrigo estão a ser usadas como arma política e que há associações a colocar entraves para que não saiam das ruas.
"As pessoas em situação de sem-abrigo tornaram-se, para algumas associações de extrema-esquerda, um negócio", atira Carlos Moedas.
As declarações foram recebidas com críticas por quem acompanha de perto quem vive nas ruas.
"Não me identifico de maneira nenhuma nestas acusações, nunca fui mandatada por nenhum partido. Já estive em colaboração com entidades camarárias para resolver situações de imigrantes, que também já estive em reuniões com a AIMA para ajudar a regularizar imigrantes sem-abrigo", refere Mariana Carneiro, membro da SOS Racismo.
Mariana vive perto da Igreja dos Anjos e desde janeiro que acompanha a situação. Sobre as acusações de ligações a partidos, sublinha que não tem nada a esconder.
O Bloco de Esquerda (BE) considera que as declarações de Carlos Moedas, numa entrevista ao Público e à Renascença, não passam de um ato de desespero.
"Não tem nenhuma outra resposta, nem nenhuma outra cara perante os lisboetas face a este desastre. Entretém-se a atacar e a insultar as pessoas, os voluntários, as associações que fazem o trabalho da CML que é dar apoio e estar com as pessoas sem-abrigo", defende Mariana Mortágua, coordenadora do BE.
"Carlos Moedas está desesperado e então dispara no sentido de criar a próxima polémica para esconder a anterior", acrescenta Ricardo Moreira, Vereador do BE na CML.
Carlos Moedas dirigiu também ataques a três Juntas de Freguesia lideradas por eleitos pelo Partido Socialista (PS). Acusações que surgem a um ano das eleições autárquicas. Ainda assim, os visados garantem que continuam disponíveis para dialogar com Carlos Moedas.
Lisboa tem quase 3400 pessoas em situação de sem-abrigo. Cerca de 400 estão a dormir nas ruas.