O acordo feito com os professores em maio fazia prever um ano letivo diferente. Paulo Cardoso, da Confederação Nacional das Associações de Pais, explica que tinham pensado que “realmente tinha chegado alguma estabilidade às escolas”.
Até ver isso não aconteceu. olhando para o que foi conseguido, agora é o pessoal não docente a reivindicar mudanças nas carreiras. O início do ano letivo foi em setembro, entre 12 e 16. Na primeira semana de aulas não houve greve, mas houve logo na seguinte a 27 de setembro, sexta-feira.
No mês de outubro, houve greve na sexta-feira dia 4, sexta-feira dia 25, e dia 31, véspera de feriado. Neste mês houve duas semanas de aulas sem interrupções. Novembro vai a meio. Duas semanas, duas greves. Segunda-feira dia 4 e esta sexta-feira, dia 15.
A Confederação Nacional das Associações de Pais tem dúvidas de que a matéria perdida nos dias de greve seja recuperada. A associação dos diretores das escolas é mais otimista.
“Desde a pandemia nunca mais foram repostas as aprendizagens essenciais aos alunos. E os alunos estão a avançar de ano sempre com défice de aprendizagem. E esses défices vão-se repercutir mais tarde quando eles chegarem ao Ensino Superior, portanto quando tiverem de ter médias para entrar no Ensino Superior”, diz Paulo Cardoso.
Além da matéria perdida, alerta para questões de igualdade entre alunos que se podem perder.
“Deixa de haver uma equidade em termos de possibilidades dos alunos com menos recursos puderem equiparar-se aqueles que têm mais recursos e que os pais metem em ATL’s e explicações.”
Quer pais, quer diretores de escolas querem uma negociação urgente para que o ano letivo avance sem mais interrupções.
“As greves é a bomba atómica que o sindicato pode usar e estão a usar muitas vezes a bomba atómica sem nada resolver. Eu acho que também pode descredibilizar a justa luta dos assistentes operacionais”, afirma Filinto Lima, presidente da associação nacional de diretores de escolas públicas.
As greves podem não ter acabado. Os contactos feitos pela SIC mostram que há sindicatos a aguardar posições do Governo e à espera da versão final do Orçamento do Estado para avaliarem novas greves, possivelmente ainda este ano e antes do final do primeiro período de aulas.