O Presidente da República considera que a aliança no Ocidente em torno da defesa da Ucrânia continua firme e que a unidade entre os EUA e a Europa está preservada, apesar do momento de transição de presidência norte-americana. Quando se assinalam mil dias desde o início do conflito, Marcelo Rebelo de Sousa defende também que a Rússia está a manter o cuidado e que não haverá uma escalada incontrolável da guerra.
Em declarações aos jornalistas, esta terça-feira, à margem de um evento no Porto, o Chefe de Estado constatou que estamos perante um teste à aliança feita, entre os Estados Unidos da América e a Europa, para apoiar a Ucrânia e disse considerar importante que o Parlamento Europeu tenha mostrado, depois de mil dias, que continua firme nesse objetivo.
“Há várias sensibilidades na Europa, mas a unidade está preservada - na Europa e nos Estados Unidos”, afirmou o Presidente.
Apesar dos últimos desenvolvimentos – com a Ucrânia a receber dos EUA luz verde para usar armas norte-americanas de longo alcance e o presidente da Rússia a autorizar o uso alargado de armas nucleares -, Marcelo Rebelo de Sousa mantém a crença de que há uma preocupação, de ambas as partes, em evitar “escaladas incontroláveis”.
Aos olhos do Presidente português, a resposta russa dá a entender que não ultrapassará “a proporcionalidade” nem violará os direitos da Ucrânia, do ponto de vista da lei internacional, “de forma chocante”.
“Da parte da Rússia, há um cuidado muito grande na resposta”, alega Marcelo Rebelo de Sousa. “Tem presente que há patamares que não se podem ultrapassar. Acho que isso é bom.”
"Não estou à espera que haja perda de controlo"
Considerando que os mil dias de guerra são “um momento psicologicamente importante”, o Presidente da República - que lembra que esta é uma altura de transição, tanto nas instâncias de poder norte-americanas, como nas europeias – afirma, ainda assim, que não existem “diferenças muito grandes no discurso em relação ao passado”.
“Mesmo quando se diz que se atingiu um patamar de não diálogo, há sempre terceiros países que mantêm o diálogo entre as potências intervenientes”, sustenta o Chefe de Estado.
“Não estou à espera de que haja uma perda de controlo e uma escalada”, conclui.
OE2025? “O essencial está adquirido”
O Presidente da República foi ainda questionado, no plano nacional, sobre a discussão, na especialidade, do Orçamento do Estado para 2025. Marcelo Rebelo de Sousa recusa intervir nesta fase do processo orçamental, uma vez que está próxima a “decisão final”.
“Como acontece sempre, há questões”, admitiu o Presidente, rejeitando, contudo, emitir uma posição. “Tudo o que eu pudesse dizer era ruído contraproducente.”
Ainda assim, o Chefe de Estado assume uma “convicção”: “O essencial, que era a passagem do Orçamento, está adquirido – pela votação na generalidade e, estou convicto, pela votação final global”.