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Discursos no Parlamento: "Mário Soares estaria a divertir-se, mas com certeza não daria muito espaço ao Chega"

"Mário Soares podia ter sido militante de qualquer partido, à exceção do Chega", Paulo Baldaia e Raquel Abecasis analisam os vários discursos sobre Mário Soares proferidos na sessão solene no Parlamento, que assinalou o centenário do antigo Presidente da República e primeiro-ministro, falecido em 2017.

Mário Soares
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O Parlamento assinalou esta sexta-feira o centenário de Mário Soares, figura chave da liberdade e democracia em Portugal, antigo presidente da República e primeiro-ministro. Marcelo Rebelo de Sousa diz que Portugal não vai esquecer Soares e destaca o papel que teve para a liberdade e para a democracia. Os comentadores da SIC, Raquel Abecasis e Paulo Baldaia, analisam os vários discursos sobre Mário Soares proferidos na sessão solene no Parlamento.

“Diria que e ouvindo também estes discursos, Mário Soares, de certa maneira, podia ter sido militante de todos os partidos por um dia que fosse, com exceção do Chega, obviamente”, diz Paulo Baldaia, realçando as mensagens bastantes coincidentes da generalidade dos partidos em relação a Mário Soares.

Raquel Abecasis partilha da mesma opinião e refere que, apesar de tudo, André Ventura foi bastante mais moderado do que é habitual, facto que considera digno de relevo.

Ainda assim, o Chega protagonizou o momento mais crítico e disse mesmo que Mário Soares deixou um legado negro. Os restantes partidos de direita fizeram um discurso mais equilibrado e destacaram o papel incontornável do socialista na democracia. O PSD aproveitou para atacar o partido de André Ventura.

À esquerda, todos os partidos sublinharam o papel de Mário Soares na luta contra movimentos antifascistas. No entanto, o PCP considerou que Mário Soares teve um papel contra revolucionário no 25 de Abril.

Tendo conhecido de perto o antigo Presidente da República, com quem trabalhou, Paulo Baldaia lembra o temperamento de Mário Soares e tenta adivinhar aos discursos alusivos ao seu centenário.


“Obviamente eu vi-o como jornalista e cheguei a entrevistá-lo como jornalista. Fui depois assessor dele na campanha das Europeias. Eu acho que ele se divertia. Ele era um político de uma grande intuição e também tinha muita emoção na política não é, julgo que foi o Presidente da República que também o lembrou hoje na sua intervenção, Mário Soares estaria a divertir-se, mas com certeza não daria muito espaço ao Chega”, realça o comentador da SIC.

Ainda em relação à forma como Mário Soares encararia a cerimónia de homenagem realizada esta sexta-feira na Assembleia da República, Raquel Abecasis afirma:

“Acho que ele gostava de uma coisa um bocadinho mais animada, porque ele era um bom vivant, portanto, gostava de uma coisa um bocadinho mais animada”.