Quando terminar o campeonato, que é como quem diz, o mandato enquanto Procurador-Geral da República, é assim que Amadeu Guerra quer ser recordado.
"(Alguém que) Foi ver um jogo de futebol e a equipa não estava a jogar nada - ou pelo menos o treinador pensava que não estava a jogar nada — e foram buscá-lo à assistência para ele jogar".
Entrou em campo depois do cartão vermelho à ex-procuradora Lucília Gago após uma mega operação judicial na Madeira que o juiz de Instrução Criminal reduziu a nada e da demissão do primeiro-ministro, por causa de um processo judicial, que o Tribunal da Relação de Lisboa diz que não passa de meras conjeturas e especulações.
"A minha antecessora acho que não teve sorte, pode acontecer-me a mesma coisa, ter um processo desses".
No episódio número 100 do "Pod Esclarecer", podcast do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados, Amadeu Guerra defendeu mais prevenção e meios para combater a corrupção com total separação de poderes.
"Eu não tenho timings políticos para absolutamente nada. Se a acusação estiver pronta antes de eleições, sai a acusação", frisou.
Preocupado com descrédito na Justiça, com o arrastar dos casos mediáticos, o novo Procurador-Geral da República defende que os recursos e reclamações sejam analisados em separado para acelerar os processos.
"Os arguidos aproveitam os meios que a lei permite. Refiro-me às decisões dos juízes dos últimos tempos, por acaso na Operação Marquês".
O caso que envolve José Sócrates foi investigado durante quatro anos e tem acusação desde 2017, mas ainda nem começou a ser julgado. O procurador defende que se use mais a lei que prevê punições para quem entrega recursos e reclamações sistemáticos com o único propósito de atrasar os processos.
"A litigância de má fé está no Código Penal para isso e já há muito tempo."
Amadeu Guerra tomou posse há dois meses para um mandato de seis anos.