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Carlos Moedas sobre a greve na recolha do lixo: "o sindicato não foi pedir nada, porque não aceita nada"

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) e o Sindicato de Trabalhadores do Município não chegaram a nenhum acordo para impedir a greve prevista para o período do Natal e Ano Novo. Em entrevista à SIC Notícias, Carlos Moedas diz que esta é uma situação "muito grave" e acusa os sindicatos de não terem vontade de negociar com a entidade patronal. O autarca garantiu ainda que não quer privatizar os serviços de recolha do lixo.

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A recolha do lixo vai estar condicionada entre o Natal e o Ano Novo por causa de uma greve do setor. Na Câmara Municipal de Lisboa, a paralisação está marcada para os dias 26 e 27, sendo que entre os dias 25 e 31 a greve irá abranger o trabalho suplementar. O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa e a CML estiveram reunidos, esta quinta-feira, mas não chegaram a qualquer acordo.

Em entrevista à SIC Notícias, Carlos Moedas fala numa situação "muito grave" e acusa os sindicatos de não terem dado margem para negociação.

"Durantes três anos paz social e agora, de repente, uma greve em que na mesa das negociações simplesmente me é dito que eu podia dar tudo, mas que mesmo dando tudo iriam fazer greve", afirmou.

O autarca lisboeta diz estar do lado dos trabalhadores que pretendem fazer greve e dos sindicatos que, no exercício das suas funções, assumem o papel de "pilares da democracia". No entanto, deixa claro que não foi estabelecido nenhum acordo por falta de vontade do próprio sindicato.

"O papel dos sindicatos é negociar com a entidade patronal determinados direitos. Os trabalhadores devem estar em casa a perguntarem-se: 'Então o sindicato foi lá pedir o quê ao Carlos Moedas?' Eu posso dizer aos trabalhadores que não foi pedir nada, porque não aceita nada. Quando eu estava disponível", frisou.

Impacto da greve em Lisboa? "Vai ser caótico"

Esta manhã, em entrevista à SIC Notícias, o coordenador da Unidade de Higiene Urbana do Centro Histórico disse que a Câmara Municipal de Lisboa recolhe cerca de 900 toneladas de lixo por dia”. Números também referidos por Carlos Moedas que, face aos riscos para a saúde pública, anunciou a criação de uma equipa de gestão de crise disponível 24 horas e a distribuição de contentores nas freguesias lisboetas.

"Eu volto a fazer um apelo aos sindicatos. Eu continuo sentado à mesa para negociar. Venham negociar, venham me dizer o que precisam. Eu estou aqui para ir ao encontro", afirmou.
"Temos todos que baixar um bocadinho esta ansiedade política, que vem de alguns partidos da oposição que estão a tentar politizar e partidizar tudo, a tanto tempo das eleições. O mandato autárquico são quatro anos, eu não posso estar um ano só a lidar com as ansiedades partidárias daqueles que, a única coisa que pensam na vida, é como vão ganhar o poder", acrescentou Carlos Moedas.

"Não estou aqui para privatizar nada, mas quero a cidade limpa"

O Presidente da Câmara de Lisboa garantiu também que não quer privatizar os serviços de recolha de lixo e criticou a reforma feita, há mais de dez anos na autarquia, quando se atribuiu às Juntas de Freguesia uma parte da higiene urbana.

"Os trabalhadores da CML não estão aqui a ser substituídos, nem vão ser. Não haverá nenhuma privatização e isso que fique claro para os trabalhadores. É algo que está a ser utilizado para diabolizar o presidente da Câmara."

Carlos Moeda diz não ter medo de ser apelidado como o "presidente do lixo" e atira responsabilidades para os antigos Executivos.