Durante a gravidez, Yuliia, mulher de Gonçalo Paula, foi acompanhada no centro de saúde de Setúbal. Teve consultas canceladas e recorreu a hospitais particulares para fazer ecografias perto de casa e no devido tempo. Sentia-se desacompanhada e tirava as dúvidas na Internet.
“Os próprios médicos e enfermeiros já estão de tal maneira cansados que às vezes há falta de humanidade”, comenta o marido, Gonçalo Paula.
A indução de parto chegou a estar marcada para o Hospital de Setúbal no dia 20 de dezembro, mas o casal recebeu um telefonema a dizer que "houve um problema" e que seria reagendada para o dia 22.
No dia seguinte, tiveram de contactar o INEM. O CODU encaminhou a ambulância para o Hospital de Setúbal, que tinha o serviço a funcionar, mas não conseguia dar resposta.
"A minha mulher chegou a Setúbal e a primeira coisa que ouve é ‘o que é que esta menina está aqui a fazer?’", relata Gonçalo.
Por isso, foram novamente encaminhados para outro hospital, desta vez a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.
"Eu nesse momento passei-me, por causa da instabilidade, do andar para trás e para frente, sem explicações. Gritei muito. Chamaram a segurança e a polícia, mas não fui identificado, porque perceberam o que se estava a passar. É desumano", lamenta o marido.
Hospital diz que comunicou limitações ao INEM
À SIC, o Hospital de Setúbal diz que foram realizados exames à grávida, mas que por falta de médicos não era possível seguir com a assistência. O Hospital avisou de seguida o INEM sobre a impossibilidade de receber mais grávidas.
Na maternidade Alfredo da Costa, Yullia e Gonçalo dizem ter sido tratados de forma exemplar e Emília nasceu sem qualquer percalço no passado dia 21.
Já está em curso uma auditoria para perceber o que falhou no encaminhamento de vários doentes durante o Natal.