País

Entrevista SIC Notícias

"Total desnorte": Governo "faltou à verdade na casa da democracia", acusa Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores

O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores e o Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil ficaram de fora do acordo, assinado esta quarta-feira, entre o Governo e seis associações sindicais dos bombeiros sapadores.

Loading...

O Governo e seis associações sindicais dos bombeiros sapadores chegaram esta quarta-feira a acordo. Contudo, o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS) ficou de fora. Ricardo Cunha, presidente do sindicato, faz duras críticas ao Executivo: acusa-o de mentir no Parlamento, de "total desnorte" e de "achar que vive numa ditadura".

O ministro Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, considera que é “um bom acordo” que prevê um “aumento global de 37%” num carreira que, sublinhou, “não era revista há 22 anos”.

O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores e o Sindicato Independente dos Trabalhadores da Floresta, Ambiente e Proteção Civil ficaram de fora do acordo.

"O Sr. ministro tem de perceber que o Governo não tem tido ética nem transparência. Tem negociado nas costas dos sindicatos e até dos bombeiros. Não valoriza um país que diz ser democrático", acusa o representante do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores.

Em entrevista na SIC Notícias, sugere que o ministro já sabia, na terça-feira, que o acordo iria ser assinado no dia seguinte e, ainda assim, disse que o documento ainda não estava fechado.

"Se saiu de lá ontem às 21:00 e hoje às 14:30 estava a assinar um acordo, significa que faltou à verdade na casa da democracia. É quase garantido que ontem já sabia que havia acordo e que ia ser assinado hoje", afirma.

Ricardo Cunha assinala que os seis sindicatos que assinaram o acordo são "minoritários": "Esses seis sindicatos todos juntos representam menos de metade dos sócios do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores".

"Estão lá dirigentes sindicais que nem os bombeiros sapadores representam. Nós não validamos nem aceitamos algo prejudicial para os bombeiros".

Sobre os números apontados pelo ministro, o líder sindical diz que são "completamente falsos".

Ricardo Cunha considera ainda "vergonhoso" que o Governo considera que os bombeiros têm menos risco do que as forças de segurança.

"Esta semana houver uma chamada porque havia pacotes com um pó suspeito nos ministérios e quem lá foi foi os sapadores. São os bombeiros mais profissionais que o país tem, altamente treinados e capacitados para trabalhar com qualquer tipo de cenário, inclusive matérias químicas", afirma.

"Total desnorte" e falta de "transparência, ética e respeito"

Na SIC Notícias, o presidente do SNBS acusa o Governo de Montenegro de "total desnorte" e de falta de "transparência, ética e respeito".

Nesse sentido, é em Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista (PS), que está a esperança: o sindicato vai estar reunido com o socialista e acredita que leve à Assembleia da República propostas de lei para "remediar os erros que o Governo está a fazer".

"O primeiro-ministro e os ministros acham que vivem numa ditadura, mas não vivem. Existem outras formas de legislar", remata.

O acordo prevê uma revisão da tabela remuneratória, que se vai processar de forma faseada entre janeiro de 2025 e janeiro de 2026, e a criação de um novo suplemento, designado por suplemento do bombeiro sapador, que será calculado sobre o vencimento base com um aumento faseado - 10% em 2025, 15% em 2026 e 20% em 2027, no caso dos praças.